Foto: Fiocruz/Divulgação

O cenário da covid-19 na Bahia reforça cada vez mais o clima de tragédia anunciada para o fim de 2020 e início de 2021. O primeiro alerta veio do secretário de Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas. “Vão visitar a vovozinha, a tia, a mãe no Natal, e um mês depois elas vão morrer”, disse, em entrevista ao CORREIO na quinta-feira. Um dia depois, foi a vez do secretário de Saúde de Salvador, Leo Prates: “A partir da semana que vem, viveremos as cinco piores semanas da pandemia”. Os números confirmam que há, sim, motivos para preocupação.

Segundo Prates,  o sistema de saúde da capital já vive um  momento mais crítico do que no auge da pandemia, com taxa de ocupação de UTIs em 81%. O secretário disse ainda que muitas pessoas têm se dirigido às UPAs e Unidades Básicas do Salvador Protege em busca de testes de covid para se reunirem com a família no Natal. “As pessoas estão achando que basta isso para estarem seguras. Mas todo teste, mesmo o PCR, tem janela. Há um período da doença em que ele não detecta. É preciso entender que a testagem não é garantia de segurança”, explica.

De acordo com o médico Ivan Paiva, gerente executivo de Atenção às Urgências do Município de Salvador, que engloba UPAs e gripários, houve aumento de cerca de 80% nos atendimentos dessas unidades entre outubro e dezembro, principalmente, após 15 de novembro. “Vivemos o reflexo da quebra do distanciamento e da não utilização de máscara por pessoas que acham que a pandemia acabou e que andam por aí como se não tivesse mais coronavírus”, analisa.

Segundo Paiva, quem chega sem sintomas nas unidades de urgência e emergência não faz teste, mas há quem tente burlar a triagem. “Não tenho como, se a pessoa diz que está com dor de cabeça, perdeu olfato e paladar, saber se isso é verdade . Há quem simule essa sintomatologia para conseguir a testagem”, diz.

Paiva admite que não é possível testar toda a população de Salvador e afirma que é preciso dar prioridade a quem realmente apresenta sintomas, sobretudo, os quadros mais graves. “Se todo mundo quiser fazer teste, eu teria que testar quase três milhões de pessoas. Então, a gente só tem testado quem se enquadra no protocolo municipal feito para isso. Há regras e normas. O teste serve para diagnosticar pacientes com sintomas e, identificando que elas estão com resultado positivo, orientar para o isolamento e, se necessário, atendimento médico e internação”, conclui.  (Correio da Bahia)