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O Congresso Nacional começou a instalar nesta terça-feira (11) as comissões mistas para avaliar medidas provisórias editadas pelo governo Lula. Câmara e Senado vivem semanas de atrito por causa do rito de tramitação das MPs (entenda mais abaixo). Foram instaladas as três comissões mistas sobre as quais havia acordo entre deputados e senadores. Elas vão analisar:

  • a MP das novas regras do Minha Casa Minha Vida
  • a MP da reestruturação ministerial
  • a MP que muda as regras do programa Bolsa Família.

‘Boicote’

Senadores avaliaram inicialmente que não haveria quórum para a MP da reestruturação ministerial e acusaram os deputados de “boicote”. Alguns deputados estavam em reunião na residência oficial do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

“O boicote que foi feito pelos líderes da Câmara está confirmado agora. Só que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, certamente diante disso, de acordo com a legislação, [poderá] convocar depois os deputados”, disse o senador Otto Alencar antes do início da sessão no Congresso.

MPs são normas editadas pelo presidente da República e têm força de lei assim que publicadas no “Diário Oficial da União”. Caso não sejam aprovadas pelo Congresso em até 120 dias, no entanto, perdem a validade.

A princípio, o governo trabalhava com a possibilidade de criação de quatro comissões mistas, mas foi feito um acordo para que a quarta MP fosse transformada em projeto de lei com urgência constitucional. O texto retoma o voto de qualidade para o governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Presidente e relatores

Também foram definidos os presidentes e relatores das comissões.

MP que reestrutura os ministérios

  • Presidente: Davi Alcolumbre (União-AP)
  • Relator: deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL)

MP do Bolsa Família

  • Presidente: senador Fabiano Contarato (PT-ES)
  • Relator: indefinido

MP do Minha Casa Minha Vida

  • Presidente: senador Eduardo Braga (MDB-AM)
  • Relator: deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP)

Entenda o impasse

A instalação das comissões mistas gerou um impasse entre Câmara dos Deputados e Senado. Pelo rito original, MPs são analisadas por uma comissão especial e depois pelos plenários da Câmara e do Senado. Na pandemia, o Congresso abreviou o rito, suspendendo a necessidade das comissões.

Neste ano, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), passou a defender a retomada do rito original, enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticava a formação das comissões, chamando os grupos de “antidemocráticos”.

Integrantes do governo, então, passaram a articular com a Câmara e o Senado a retomada das comissões e como seria essa retomada. Levantamento mostrou que, nos anos de 2021 e 2022, sob a presidência de Arthur Lira, a Câmara enviou ao Senado metade das MPs editadas pelo governo com menos de 15 dias para análise dos senadores.

Temas sensíveis ao governo

O governo busca a aprovação das MPs porque dizem respeito a temas sensíveis ao presidente Lula, entre os quais os programas Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e Mais Médicos. Em caso de eventual perda de validade dessas MPs, o governo não poderia editar ou MP igual neste ano, somente enviar uma proposta em formato de projeto de lei, que não tem vigência imediata. G1