O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira (13) que o novo “superbloco” partidário da Casa, com 173 deputados, não foi formado para se fazer “oposição” ao governo ou “chantagem” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Lira deu a declaração durante entrevista ao Conexão GloboNews. Criado nesta quarta (12), o bloco é formado por PP, União Brasil, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota e pela federação Cidadania-PSDB.

“Eu fico, às vezes, me divertindo com as narrativas. Esse bloco que foi criado não é para fazer oposição ao governo, não é para fazer chantagem ao governo. Essas versões que são criadas não ajudam neste momento”, afirmou Arthur Lira.
O presidente da Câmara afirmou também que blocos partidários são formados para ocupação de espaços internos da Casa e que Lula tem a “confiança” dos deputados.

“[Um bloco] não [é formado] para contrapor-se ao presidente recém-eleito, que tem a confiança de toda a Câmara”, ressaltou Lira. O bloco articulado pelo grupo de Lira, apesar de reunir partidos aliados ao governo, como PDT e PSB, abriga siglas como o PP e União Brasil, que têm grandes bancadas e não estão na base de apoio do governo.

O tamanho dos blocos influenciam nas articulações da Câmara. Quanto maior, mais poder de negociação política com o governo e influência nas decisões e distribuição dos cargos na Casa. Segundo Arthur Lira, a composição do “superbloco” também não tem relação com eleições futuras.

O outro bloco

Para o deputado alagoano, o primeiro bloco criado neste ano – unindo MDB, PSD, Podemos, PSC e Republicanos, que tem 142 deputados e até então era o maior da Câmara – não teve a intenção de confrontá-lo. Ele lembrou que foi eleito para o comando da Câmara com apoio de todos os partidos da Casa, com exceção de PSOL e Novo.

Governabilidade

O presidente da Câmara afirmou que a nova composição de forças na Casa com a formação dos blocos não muda a relação com o governo. Lira disse que a Câmara não criou dificuldades para o governo e minimizou a disputa em torno das medidas provisórias, que travaram votações importantes para o Palácio do Planalto.

“Tenho excelente relacionamento com o líder do governo, José Guimarães, com o líder do PT, Zeca Dirceu. Eu não farei nenhum movimento para atrapalhar a governabilidade do meus país”, disse. O parlamentar alagoano disse também estar ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na defesa pela aprovação do novo marco fiscal, uma das prioridades do governo.

“Nós estamos fazendo a nossa parte. Não há qualquer sinal que vislumbre qualquer possibilidade de dificuldade para o governo”, disse Lira. O presidente da Câmara afirmou ainda que o governo precisa melhorar sua “engrenagem política” e fazer com que as coisas andem, em referência à consolidação de uma base de apoio na Casa. Ele voltou a dizer, no entanto, que a Câmara tem dado sua contribuição.

Arcabouço fiscal e reforma tributária

Lira afirmou que trabalha com o prazo de 15 dias, após a chegada do projeto ao Congresso, para votar o texto da regra fiscal que vai substituir o texto de gastos na Câmara. Na sequência, o deputado disse que pretende votar ainda neste semestre a reforma tributária. “Nós estamos muito esperançosos de que votaremos reforma tributária possível. Ou uma mais ampla com um prazo maior de validade, com um delay de atuação mais longo, com transição, ou uma possível com efeito mais imediato”, disse. G1