Ao longo de 2022, mais de 50 baleias jubarte encalharam na costa brasileira. Deste total, 25 perderam o caminho das águas e vieram parar nas areias de praias situadas em território baiano, segundo o Projeto Baleia Jubarte (PBJ). Uma fêmea adulta da espécie, com 12,87 metros, encalhou na Praia de Pititinga, em Arraial D’ajuda. A causa da morte, devido ao estado de decomposição da carcaça, não foi identificada,  mas amostras de material biológico foram coletadas e serão analisadas.

O número atual de encalhes faz a Bahia ficar com 43% de todos os registros no Brasil e se colocar bem à frente no ranking nacional. Para se ter uma ideia, Rio de Janeiro e São Paulo, estados com mais registros depois da Bahia, têm, respectivamente, nove e sete encalhes divulgados até agora. O número nacional, no entanto, está bem distante ao proporcional de 2021, quando os encalhes quebraram recorde e, até agosto, mais de 100 jubartes apareceram em areias brasileiras.

Comum à natureza

Na Bahia, se consideramos que durante todo o ano anterior aconteceram nove encalhes, o estado já tem um registro quase três vezes superior, com quatro meses faltando para o fim do ano. Mesmo assim, Gustavo Rodamilans, coordenador do Projeto Baleia Jubarte, afirma que o número é esperado e não preocupa.

“Não é preocupante, pois esse é o número esperado de mortalidade, já que temos uma população com cerca de 20 mil baleias jubarte no litoral brasileiro. A Bahia é o estado que abriga a maior concentração de baleias jubarte, desta forma, é natural que aqui tenhamos o maior número de encalhes”, afirma Rodamilans, que é doutor em medicina veterinária.

Victor Bandeira, biólogo e coordenador do projeto Baleias Soteropolitanas, do Instituto Redemar, também não faz alarde sobre o número e destaca a natureza marinha da Bahia como razão de seu aumento .

“É natural e esperado que o número de encalhes aumente, 25 é triste, mas não preocupante. O maior berçário para a população de jubartes do Brasil fica no Banco de Abrolhos, no extremo Sul da Bahia, então é esperado”, explica Bandeira, que é mestre em ecologia.

Das mais de 50 encalhes nacionais, maioria aconteceram em julho e agosto. Quanto à Bahia, o  Baleia Jubarte não tem esse número separado, mas é provável que o pico por aqui  também tenha acontecido nesses últimos dois meses, época de reprodução da
espécie.

“O extremo sul do estado é considerado o maior berçário da espécie. Em todo oceano atlântico sul ocidental, é para cá que muitas baleias jubarte vêm para reprodução e para ter os seus filhotes. Isso por si só explica os encalhes”, diz a bióloga.

Quais são as causas?

Ainda de acordo com Márcia,  que é mestre em zoologia, os motivos para que os animais acabem parando  na costa são diversos, podendo ter ou não a influência humana em cada um dos casos de óbitos.

“Os encalhes podem ser tanto de causas naturais, já que existe uma mortalidade de filhotes que não conseguem sobreviver e adultos que morrem por doenças comuns, como por influência antrópica através de atropelamento por embarcações, contaminação química dos oceanos e acidentes com redes de pesca”, elenca Gustavo Rodamilans, acrescentando que a maioria das mortes  são de causa natural, com filhotes que morrem por se perderem das mães e adultos que vem a óbito por doenças ou pela idade.

“O número de filhotes é cerca de 50% dos encalhes, número esperado, já que , por ano, temos cerca de 2,5 a 3 mil filhotes nascendo.  Ou seja, cerca de 1% vem a óbito por conta da seleção natural”, completa o coordenador do Baleia Jubarte. Correio da Bahia