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A Bahia vai retomar nas próximas semanas a realização do transplante de coração após quase dois anos de suspensão do serviço. O estado não realiza o procedimento desde janeiro do ano passado e pacientes que precisavam ser transplantados eram transferidos para outros estados. A Bahia já realiza quatro tipos de procedimentos: os transplantes de córnea, rim, fígado e medula.

Hoje, 15 pacientes que estão sendo acompanhados pelo Ambulatório de Insuficiência Cardíaca do Hospital Ana Nery (HAN) e podem ter indicação para transplante cardíaco.

Segundo a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), a interrupção foi feita para que uma reestruturação do sistema pudesse ser realizada, e acabou sendo impactada pela pandemia da Covid-19. Entre 2010 e 2022, apenas quatro transplantes cardíacos foram feitos em território baiano.

As cirurgias serão retomadas no Hospital Ana Nery, em Salvador. “O ambulatório pré e pós-transplante cardíaco nós já vínhamos fazendo no HAN e, agora, retomaremos o transplante cardíaco em Salvador e estamos trabalhando para ampliar para o interior.”, diz a secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana.

Segundo Roberta, já foi iniciado o processo de avaliação dos pacientes para a elaboração da chamada lista. “Os pacientes estão sendo examinados por uma junta médica e, após essa etapa, eles entram na lista para aguardarem a realização do transplante. Já estamos bem adiantados e, nas próximas semanas, o transplante de coração voltará a ser feito na Bahia”, comemora.

De acordo com o coordenador do Programa de Insuficiência Cardíaca Avançada do Hospital Ana Nery e diretor da unidade, Luiz Carlos Santana, o HAN já está com tudo pronto para retomada do serviço. “A equipe médica está pronta e qualificada. É natural que a unidade precise reforçar essa equipe com mais profissionais, mas isso será feito gradualmente”, completa.

Atualmente, a Bahia conta com uma rede com 23 centros transplantadores, sendo que sete oferecem atendimento pelo SUS. Desses, três são unidades públicas: o Hospital Geral Roberto Santos, o HAN e o Hospital Universitário Professor Edgard Santos. Além deles, integram a rede os hospitais filantrópicos Martagão Gesteira, em Salvador, e Dom Pedro de Alcântara, em Feira de Santana, e os privados IBR, de Vitória da Conquista, e Hospital Português, na capital.

Durante o período em que a Bahia ficou sem realizar o transplante cardíaco, quem tinha a indicação de transplante cardíaco tinha que recorrer ao Tratamento Fora do Domicílio (TFD), em outros estados.

“O TFD é realizado não só por transplante, mas para qualquer situação de saúde em que o estado não tem aquele tratamento. Então, quando o estado não dispõe do tratamento, ele encaminha para outra Federação. No caso dos transplantes, para estados como Pernambuco, São Paulo, Ceará e Distrito Federal. Nesse processo de ir para outro estado, o paciente vai sendo integralmente custeado pelo Estado de origem, no caso nosso a Bahia”, explica o coordenador do Sistema.

Doadores

Dados do Sistema Estadual de Transplantes da Sesab mostram que o número de doadores de múltiplos órgãos aumentou mais de 58% no período de julho a agosto de 2023, saltando de 12 para 19 doadores. Nos oito primeiros meses do do ano, a Bahia totalizou 106 doadores de múltiplos órgãos.

“Tivemos um aumento expressivo de doadores e temos uma tendência de crescimento nesse mês de setembro, que é o mês que intensificamos a campanha de conscientização da população sobre a importância da doação de órgãos. Nos primeiros oito meses de 2023, registramos uma redução da negativa familiar para cerca de 60%. A taxa ainda é alta, mas, quando comparada aos cerca de 70% de 2022, é uma diminuição considerável”, analisa o médico e coordenador do Sistema Estadual de Transplantes, Eraldo Moura. G1