Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Correa-PR)

Em depoimento à Polícia Federal na quinta-feira (22), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou em silêncio diante dos investigadores, enquanto o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro da Defesa Anderson Torres responderam às perguntas. Todos são investigados por tentativa de golpe de Estado. Eles prestaram depoimento na sede da PF, em Brasília.

A informação de que o ex-presidente ficou em silêncio foi divulgada pelo advogado Fabio Wajngarten. Bolsonaro ficou menos de meia hora na sede da PF. Em entrevista, Wajngarten disse que o ex-presidente “nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista”.

“Esse silêncio [no depoimento] quero deixar claro que não é simplesmente o uso do exercício constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais está sendo imputada ao presidente a prática de certos delitos”, afirmou o advogado.

Wajngarten disse que a falta de acesso à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e a mídias obtidas em celulares apreendidos de investigados “impedem que a defesa tenha um mínimo de conhecimento de por quais elementos o presidente é hoje convocado ao depoimento”.

Em nota, a defesa do ex-presidente disse ainda que Bolsonaro não abre mão de prestar depoimento, o que fará assim que “seja garantido o acesso” solicitado. “Não sendo demais lembrar que jamais se furtou ao comparecimento perante a autoridade policial quando intimado”, diz o comunicado.

Os advogados de Bolsonaro pediram duas vezes acesso aos autos depois que foi deflagrada a operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro. Moraes liberou o acesso aos mandados no segundo pedido. Os advogados do ex-presidente pediram, então, acesso às mídias digitais, como telefones, computadores e a delação do ex-ajudante ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, mas Moraes não autorizou.

Valdemar e Anderson

A defesa de Valdemar Costa Neto também divulgou uma nota em que confirmou a conversa com os investigadores. “Respondeu todas as perguntas que lhe foram feitas. A defesa não fará qualquer comentário sobre as investigações”, diz um dos trechos do comunicado. No caso do ex-ministro da Defesa, o advogado informou que ele respondeu a todas as perguntas formuladas com “serenidade”.

“Anderson Torres esclareceu todas as dúvidas em relação aos fatos investigados e reafirma sua disposição para cooperar com as investigações.O ex-ministro acredita na Justiça e confia nas instituições brasileiras”, diz documento enviado pela defesa.

A PF marcou para esta quinta o depoimento de diversos investigados no caso da suspeita da tentativa de golpe. De acordo com as apurações da polícia, um grupo — do qual fazia parte o presidente Jair Bolsonaro, militares e políticos —, se articulou para deslegitimar as instituições com informações falsas e reverter o resultado das eleições de 2022, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). G1