O delegado da Polícia Civil José Carlos Mastique de Castro Filho, que foi baleado por policiais militares, durante uma ação policial, foi enterrado na  segunda (29), na cidade de Itabuna, no sul da Bahia. O sepultamento foi realizado no Cemitério Campo Santo.

Dezenas de familiares e amigos do delegado participaram da cerimônia. O caso está sob investigação da 6ª Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (Coorpin), e é acompanhado pela Corregedoria da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

Em nota, a Polícia Militar informou que também abriu um inquérito para investigar o caso e disse que os PMs envolvidos na ação seguem trabalhando normalmente.

De acordo com a SSP-BA, os PMs envolvidos no caso, que integram o 15° Batalhão de Polícia Militar (BPM), estariam apurando uma denúncia de roubo, na Avenida Mário Padre, na madrugada de domingo (28), em Itabuna, quando o delegado foi baleado.

O órgão não detalhou quantos policiais militares participavam da ação e nem como ocorreu o disparo contra o policial civil.

Segundo o delegado Eustácio Lopes, presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc), a vítima abordou um homem que agredia uma mulher em um local onde funciona um posto de combustíveis, um bar e uma loja de conveniência. O agressor foi identificado como um policial militar. Uma equipe do órgão foi chamada ao local.

Delegado da Polícia Civil baleado durante ação de PMs é enterrado na Bahia — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz
Delegado da Polícia Civil baleado durante ação de PMs é enterrado na Bahia — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

“Os policiais chegaram no posto de gasolina e estava tendo uma agressão perpetrada por um homem contra uma mulher. [O delegado agiu] no dever de policiais de atuarem como heróis para neutralizar a agressão que a mulher estava sofrendo. Depois, foi identificado que era um policial militar [à paisana] que agredia a mulher”, disse o presidente do Sindipoc.

“Os policiais se identificaram e neutralizaram. Já com a situação contornada, chega uma guarnição da Polícia Militar e, em vez de somar na diligência, a guarnição simplesmente tenta abordar os policiais civis, que se identificam. A Polícia Militar comete essa ação desastrosa, alvejando e executando um policial civil”, afirmou Eustácio Lopes.

O presidente do sindicato criticou a equipe da Polícia Militar que foi ao posto. “Fica claro que existe um erro da Polícia Militar na orientação de seus policiais, que precisam ser revistos. Porque quando se tem um policial atuando, a outra força tem que chegar somando, não tentando neutralizar uma força que já está debelando uma ação de crime”, disse.

A Associação da Polícia Militar informou que a equipe de PMs que foi ao local após uma ocorrência de assalto, verificou dois homens armados e solicitou apoio para a central. O sindicato lamentou a morte do delegado, mas preferiu não detalhar o que aconteceu.

“Nós lamentamos a morte do delegado, foi uma fatalidade. Todavia, a guarnição [da PM] estava de serviço. Eles [policiais] foram chamados para atender uma ocorrência de assalto no posto Jequitibá. Eles chamaram a central, solicitaram o apoio onde teria dois homens armados em atitude suspeita lá no posto. Ao chegar ao local, foi identificado que eles estavam armados e aconteceu a situação que veio ao óbito o delegado”, disse o advogado Marcelo Pinheiro, da Associação da PM.

“Agora, o fato em si, neste momento nós nos reservamos a não comentar, haja vista que a instituição Polícia Militar e a instituição Polícia Civil ainda não se manifestaram, nós acreditamos muito no trabalho da Polícia Civil, eles querem realmente elucidar para que não seja cometida nenhuma injustiça”, concluiu Pinheiro. G1