Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Nos primeiros seis meses deste ano, as denúncias de feminicídio mais que dobraram em relação ao mesmo período do ano passado. Só nas últimas 24 horas no Rio de Janeiro, três mulheres foram assassinadas por companheiros ou ex-companheiros. Sirlene Ferreira Lacerda ia para o trabalho de carro sem saber que estava sendo seguida.

Na moto, vinha o ex-namorado dela, Elias Ferreira, e um amigo dele, Elder Moreira. Poucos metros depois, o ex-namorado matou Sirlene com um tiro na cabeça, numa esquina de Volta Redonda, no sul do estado do Rio.

Vários levantamentos e estatísticas diferentes apontam para a mesma situação grave: o aumento dos feminicídios em 2019. Na central de atendimento à mulher, o 180, os números impressionam. Nos primeiros seis meses de 2019, as denúncias de feminicídio mais do que dobraram em relação ao mesmo período de 2018.

“Quando a gente olha um caso de feminicídio, olha os padrões anteriores, vê que já sofreu violência física, já sofreu violência psicológica, já sofreu violência moral, uma série de outras violências foram precedidas. A gente precisa melhorar a forma de identificar essas violências e poder atuar antes do assassinato”, disse Renata Giannini, pesquisadora do Instituto Igarapé.

Na noite de quinta-feira (21), Lucas Lemos Lopes chegou para visitar a ex-namorada Adriana Valério, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Alguns minutos depois, Adriana foi morta, enforcada no próprio quarto, enquanto os três filhos dela assistiam à televisão na sala.

Na mesma noite e na mesma cidade, Jéssica da Silva Sales foi esfaqueada até a morte pelo ex-marido Osmar Antônio Oliveira. Na terça-feira (19), a adolescente Maria Eduarda Alves foi assassinada pelo namorado, com quem tinha um filho.

Quatro casos de feminicídio no Estado do Rio, em três dias. Outros números revelados nesta sexta-feira (22) mostram um aumento constante de todos os tipos de violência contra a mulher desde 2015.

O Instituto Igarapé, que pesquisa sobre violência, reuniu informações de 17 estados, que registraram de 2015 a 2018 mais de dois mil casos de feminicídio. A juíza Katherine Jatahy, que trabalha na prevenção a esse crime, diz que o mais importante é que as mulheres conheçam a lei e procurem ajuda.

“As explosões de violência vão vir cada vez de uma forma mais forte, mais forte até o feminicídio. O importante é a mulher tomar consciência de que está sendo vítima de violência doméstica, ela querer romper o ciclo e procurar ajuda para não chegar a um feminicídio”.