Foto: Antonio Queirós/Ascom/CMS

Passado todo o caos – para o bem ou para o mal – das eleições, ficam agora as transformações que elas trazem ao país, e, neste caso, à capital baiana. Isso porque o presidente da Câmara Municipal de Salvador, o vereador Geraldo Júnior (MDB), foi eleito como vice-governador da Bahia, cargo em que terá início no dia 1º de janeiro de 2023. Mas, e até lá?

Rebobinando a fita e revendo o passado, nem tão passado assim, Geraldo Júnior integrava o grupo de aliados do prefeito Bruno Reis (União) e do ex-prefeito ACM Neto (União), atuando como uma peça-chave do jogo político garantindo a boa vizinhança e a segurança de governabilidade com os demais vereadores.

Mas já que ‘tudo muda o tempo todo no mundo’, como bem diz Lulu Santos, não seria diferente na política baiana. As peças foram trocadas e Geraldo Jr. rompe com o grupo netista e anuncia em março deste ano que irá disputar o Palácio de Ondina com Jerônimo Rodrigues.

Dia 29 de março de 2022: um dia antes da surpresa, leia-se ‘do anúncio’, o presidente da CMS, que ocupava o cargo desde 2018, foi reeleito para o biênio 2023-2024, em votação antecipada, com 35 votos em chapa única. Não foi somente nessa eleição que Geraldo saiu vitorioso, o dia 30 de outubro lhe deu mais uma vitória e o consagrou vice-governador da Bahia. E é no meio dessas duas conquistas que Geraldo Júnior, e, consequentemente, a casa em que toma conta, são postos contra a parede pela oposição.

Em abril deste ano, o União Brasil, partido do prefeito Bruno Reis e ex-prefeito ACM Neto, ajuizou uma ação no Supremo Tribunal Federal para pedir a anulação da eleição que garantia o terceiro mandato consecutivo do vereador como presidente da Câmara. A contestação do grupo argumentou que houve “violação dos princípios republicanos e do pluralismo político”.

A ação chegou a ser julgada pelo ministro do Supremo, Kassio Nunes Marques, mas logo foi postergada pelo ministro Gilmar Mendes, que pediu vistas do processo e adiou a votação. A decisão liminar de Nunes Marques foi pela suspensão da eleição, mas será submetida à apreciação do plenário, ou seja, precisa ser votada por todos os ministros. Desde então, não houve mais nenhuma movimentação no STF sobre o tema.

O vereador do PSD, Edvaldo Brito, presidiu a sessão que reconduziu Geraldo Jr. à presidência da Câmara de Salvador e garantiu que a reunião foi regular, obedecendo todas as regras vigentes. Em entrevista à Rádio Metropole, Brito comentou o momento de expectativa na casa com a eleição de Geraldo à vice-governadoria e chamou atenção para sua postura como presidente da mesa diretora até o dia da posse. “Ele sabe viver servindo ao público e à coletividade, sem guardar raiva nem rancor, ele irá reescrever a história da Câmara nesses 45 dias restantes”, afirmou.

Sobre as movimentações entre vereadores da base governista e da oposição, Edvaldo Brito indagou “o prefeito de Salvador continua com o apoio da maioria da CMS, mas não sei até quando.”

O Jornal da Metropole ouviu Geraldo Júnior sobre o tema que trata da ação no STF pela anulação da sua reeleição do biênio 2023-2024, junto com o vereador Carlos Muniz (PTB), e afirmou que a confiança no Poder Judiciário está cada vez mais fortalecida, pontuando ser um “democrata convicto e defensor da separação dos poderes como um dos principais estandartes do Estado Democrático de Direito”.

Política, política, aliados à parte 

Geraldo Jr. estará nas ‘rédeas’ da Casa até o final do ano e questionado sobre as movimentações dos parlamentares após a sua eleição para vice-governadoria, disparou: “Respeitamos a posição do prefeito Bruno Reis de declarar que sua base tem maioria. O que me pareceu estranho é ele falar pelos vereadores. Deixou uma conotação perigosa de que ele (prefeito) é quem decide pela base e tenho certeza de que isso não é verdade”.

Para o atual vice-presidente da CMS, o vereador Duda Sanches (União), não há possibilidade da reeleição de Geraldo Jr. se concretizar. Ele lembra que apenas o plenário do Supremo pode decidir pelo processo da Câmara Municipal de Salvador, “a nossa esperança é que ratifiquem essa decisão para a não possibilidade de reeleição de um mesmo cargo da mesa diretora”.

O vereador garantiu ainda ao Jornal da Metropole que a base governista tem realizado reuniões frequentes e se mantido unida, destacando que “nenhuma nova movimentação pode ser observada e nem acontecerá. ‘Tá’ todo mundo muito bem definido, de que lado está, com a tranquilidade para fazermos a disputa da mesa diretora”. “Tempos melhores virão para a Câmara Municipal de Salvador”, concluiu.

O prefeito de Salvador, Bruno Reis, afirmou ao JM que independente de divergências políticas e partidárias, a bancada governista e a oposição estarão alinhadas para contribuir com a capital baiana. De acordo com o gestor municipal, o Executivo continuará dialogando com o Legislativo, buscando o equilíbrio na relação institucional e respeitando a separação de poderes. Metro1