Foto: Ricardo Stuckert

Uma entrega de coletes à prova de balas virou o motivo de uma nova rusga entre a cúpula da Polícia Federal (PF), em Brasília, e a equipe da corporação que cuida da segurança do ex-presidente Lula (PT). Todos os presidenciáveis têm direito à proteção por agentes da PF – o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) faz a segurança de Jair Bolsonaro – e a escalada da violência política tem causado preocupação na equipe responsável pela de Lula.

Responsável pelo contato com as campanhas, em Brasília, o coordenador de Proteção à Pessoa da Polícia Federal, Thiago Ferreira, cobrou o chefe da equipe de segurança de Lula, o também delegado da PF Andrei Passos, sobre a comunicação com a campanha sobre a retirada de um conjunto de coletes à prova de balas. Segundo relatos ao blog, Thiago se incomodou pois queria que Passos fosse pessoalmente buscar os coletes, mas reclamou que a campanha de Lula não respondeu por WhatsApp sobre quem seria o emissário da campanha.

Passos destacou um integrante de sua equipe para fazer a retirada já que estava às voltas com a segurança do ex-presidente. Segundo o blog apurou, a cúpula da PF não gostou e reclamou em um ofício enviado à equipe de segurança de Lula que o chefe da segurança do petista sequer teria respondido por WhatsApp.

Passos, então, respondeu também por ofício enviado no fim da manhã de terça-feira (23). Segundo relatos obtidos pelo blog, Andrei Passos disse que indicou um representante para retirar os coletes, e que a informação sobre dia, hora e local para a retirada chegou apenas informalmente, por mensagem de WhatApp.

Horas depois, Ferreira respondeu alegando que todos os chefes de equipes de segurança de presidenciáveis – com a exceção da de Lula – vinham indicando por WhatsApp os policiais responsáveis por pegar os coletes e que a demanda “poderia ter sido facilmente resolvida com um gesto de gentileza mediante uma simples aposição de um “ciente” ou de um “👍” no grupo de WhatsApp”.

Cobrada pela direção da PF, a equipe de segurança de Lula respondeu que em nenhum momento foi instada pelos canais institucionais da Polícia Federal a indicar representante, mas informalmente comunicada por mensagem de WhatsApp. E que, mesmo diante do que chama de falha de comunicação, indicou, sim, representante que esteve lá na hora para fazer a retirada.

Ferreira também se queixou de uma reportagem do jornal “O Globo” que apontou que as equipes da PF estavam trabalhando sem ter acesso a coletes à prova de bala, e recomendou que a discussão com o chefe da segurança de Lula fosse enviado ao gabinete do diretor-geral da PF por conta da “exposição institucional negativa na mídia”.

Nos bastidores, há a avaliação entre integrantes da PF que a cúpula da corporação – hoje indicada pelo presidente Bolsonaro – está incomodada com o protagonismo e autonomia do delegado Andrei Passos. Num eventual governo Lula, ele é um dos cotados para assumir a direção-geral da PF.

A escalada da violência política aumentou a preocupação da campanha de Lula com a segurança do candidato do PT. Num ofício – revelado no início do mês pela “Folha de S.Paulo” e confirmado pelo blog –, essa equipe pediu apoio a superintendências da PF nos estados, alegando a existência de “opositores radicalizados” e o acesso ampliado a armas de fogo decorrentes das mudanças na legislação feitas por Bolsonaro desde 2019. G1/Por Andréia Sadi