Crédito: Marina Silva/CORREIO

Olha só como o tráfico está inserido no cotidiano dos estudantes de Salvador. Além de invadirem unidades de ensino, integrantes do Comando Vermelho obrigam alunos de escolas públicas no Cabula VI a posarem para foto fazendo o símbolo da facção com as mãos. Em seguida, eles jogam nas redes sociais. Isso acontece com meninos que aderiram à moda de três riscos nas sobrancelhas, o que seria para o CV o indicativo de que estes adolescentes moram em área do rival Bonde do Maluco. Mas qual a consequência disso? Se realmente os desenhos fazem alusão à quantidade de letras que compõe a sigla a BDM, ainda que o estilo seja puramente estético, estes jovens, que já tiveram as imagens viralizadas, podem ser julgados como traidores pelo “tribunal do crime”. E o medo de uma tragédia é tão grande, que pelo menos 15 alunos foram afastados pela direção das escolas, segundo os próprios moradores.

Depois de Valéria, agora foi a vez dos estudantes ficarem sem aulas em Águas Claras por causa da insegurança. Cinco escolas municipais suspenderam o funcionamento na sexta-feira (22), por causa uma operação policial contra o tráfico no bairro. A Secretaria Municipal de Educação informou que, ao todo, 1.769 alunos foram atingidos pela decisão. E os efeitos não pararam por aí. Os ônibus não estavam descendo até Cajazeiras VII. Esta é mais uma dura realidade de quem vive em áreas conflagradas, onde a única alternativa é permanecer em casa, afim de evitar de ser vítima de uma bala perdida.

Enfim, parte do sofrimento da aposentada Maria de Fátima Lordelo, de 62 anos, chegou ao fim. Depois de mais de 20 anos, foi dada a primeira sentença num pedido de perícia que estava parado na 8ª Vara da Fazenda Pública – isso só foi possível, após denúncia do CORREIO em agosto deste ano. A solicitação é referente a uma indenização à autora, que ficou cega de um olho, após contrair um fungo quando era secretária na Polícia Militar. Apesar de a avaliação ter sido há uma semana, o médico não era um especialista em oftalmologia, o que foi pedido nos autos. Mas uma coisa é certa: no laudo, ele não poderá dizer que ela não perdeu a visão. Ou, pelo menos, não deve. Correio da Bahia