Agência Brasil

Uma ex-ministra que fez parte dos governos Lula e Dilma Rousseff divergiu sobre um tema polêmico e bastante controverso dentro do ninho petista: o impeachment da ex-presidente, que aconteceu em 2016 e no qual muitos membros e militantes do partido chamam até hoje de “golpe”.

Em entrevista à Folha, Marta Suplicy, que fez parte dos quadros do PT até o ano de 2015 e atualmente está sem legenda disse que o processo contra Dilma não foi golpe e reforçou que deu o voto favorável para a retirada da petista do cargo, quando Marta era senadora pelo MDB, de Michel Temer, há quase sete anos.

“Votei pelo impeachment e achei que era coerente com o que eu achava que era o certo naquele momento. Depois, é [analisar] o prédio pronto, […] porque depois os resultados… Não sei se foi fruto só do impeachment, mas tivemos o Bolsonaro, que foi uma praga para o Brasil”, afirmou Marta.

“Não achei que foi golpe, de jeito nenhum. Passou por todos os canais legais, foi absolutamente dentro da Constituição”, acrescentou, pregando não ser hora de “olhar para o leite derramado” diante de problemas mais urgentes, como fome, desemprego e Amazônia. “Eu não fico olhando em retrovisor, nunca.”

Mudança de clima

Ainda na entrevista, Marta disse perceber um clima “desanuviado” no país com a chegada de Lula após os anos de Jair Bolsonaro (PL), a quem acusa de ter deixado “um legado nefasto”, com facilitação do acesso a armas e abandono de indígenas, tidos como guardiões da floresta.

“O que eu senti que melhorou foi que aquela tensão, aquela belicosidade, falar de arma, arminha [faz gesto com os dedos], aquela violência que a gente vivia, isso diminuiu. A polarização continua, mas o clima por ter um presidente agregador e não belicoso eu acho que distensionou bastante.”

A personalidade pacificadora de Lula, segue ela, “foi um alívio, não ter alguém que fica procurando confusão nem incitando violência”. No entanto, “vai demorar um tempo para acalmar a situação”. BNews