Foto: Reprodução/ TV Globo

Duas semanas após o crime, a deputada federal Flordelis (PSD) falou, em entrevista exclusiva ao Fantástico neste último domingo (30), sobre o envolvimento de dois de seus 55 filhos no assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo.

A entrevista foi realizada na casa da parlamentar em Pendotiba, Niterói, Região Metropolitana do Rio, mesmo local onde o crime aconteceu. Na noite do assassinato, 35 filhos do casal estavam na casa e mais de 20 já prestaram depoimento à polícia.

Inocência dos filhos e relação deles com pastor

Ao ser perguntada se acreditava na inocência dos filhos Lucas dos Santos, de 18 anos, e Flávio dos Santos, de 38, presos por suspeita de envolvimento no crime, a deputada afirmou: “Não, não acredito em nada.”

Flordelis também explicou como era a relação dos dois com o marido. Segundo ela, Flávio, que é seu filho biológico, se dava muito bem com Anderson.

“O Flávio era um menino, o Flávio estava casado, houve uma briga com a esposa, um desentendimento, voltou para casa, me obedecia, me respeitava (…) Esse tempo todo, eles [Flávio e o pastor Anderson] estavam muito bem”, disse.

Sobre Lucas dos Santos, de 18 anos, o filho adotivo que estava em uma instituição socioeducativa antes de ser apontado pela polícia como o outro suspeito da morte do pastor, Flordelis contou detalhes do rapaz.

“O Lucas era um menino muito, muito fechado, muito fechado, muito revoltado. Acredito que pela infância que ele teve. O pai dele era bandido, ele foi criado por esse pai, a mãe morreu de câncer.”

Ao ser perguntada se existia alguma briga entre os irmãos, a deputada negou, mas disse que o marido teve desentendimentos com Lucas, que não morava na casa junto com eles.

“Não. Nós éramos normais como qualquer outra família. A única coisa que o meu marido tinha era com o Lucas, mas era coisa de pai, que ele não aceitava o meu filho ter saído de casa e tá vivendo, fazendo algumas coisas erradas.”

Imagens das câmeras de segurança mostraram que Lucas chegou na casa da família pouco antes do crime e não estava lá na hora do assassinato.

A deputada respondeu sobre o mistério do crime estar na casa e afirmou que confia em todos que moram com ela: “Sinceramente, eu não sei. Eu sei que há um mistério. Todas as pessoas que estavam morando comigo naquele momento sim, os que estavam morando comigo sim.”

Flordelis afirmou ainda que ama ser mãe e completou dizendo que não seria uma boa mãe se protegesse os filhos: “Eu amo muitos meus filhos, eu amo ser mãe, se perguntar aquilo que eu mais gosto de ser é ser mãe. Mas, se eu proteger meus filhos, eu não estou sendo mãe. Eu não estou ajudando os meus filhos a serem uma pessoa melhor na vida”.

Noite do crime

Durante a conversa com o Fantástico, Flordelis relembrou o que ela e Anderson fizeram naquele domingo, 16 de junho.

Ela contou que eles saíram para um passeio, para namorar sozinhos e que curtiram bastante a noite. A deputada relatou como foi a chegada em casa e os momentos que antecederam a morte do marido.

Ela disse que saiu do carro primeiro e Anderson ficou na garagem, mas não sabe porque ele ficou no local. Ela contou que antes de chegar ao quarto olhou para o lado da cozinha e viu que estava tudo escuro e em silêncio. Em seguida, ela relatou ter escutado o barulho de seis tiros.

“Eu ouvi os tiros, me assustei. Foram quatro tiros, foram pa pa pa pa pa pa. (sic) Quando terminei de conversar com o Ramon[um dos filhos], conversando com o Ramon, eu ouvi quatro tiros seguidos e mais dois”, disse

Questionada sobre a informação de que o laudo da polícia diz que foram pelo menos 30 perfurações no corpo do marido, ela voltou a dizer que o filho Ramon também tinha ouvido seis tiros.

“Não foi só eu. Meu Ramon também ouviu e afirmou que foram seis tiros. Os meus filhos que acordaram, meus filhos que estavam acordados falaram também a mesma quantidade de tiros ouvido, ouviram seis tiros”, disse.

Arma, mochila e celular

Até agora o celular de Anderson do Carmo não foi encontrado na casa e nem com familiares. A deputada diz que não lembra se alguém realmente entregou o celular a ela.

“Não entregaram e, se me entregaram, não lembro.” O Fantástico também perguntou sobre a mochila que Lucas usava ao chegar na casa e o conteúdo dela. A deputada disse que também não sabe o que aconteceu. “Também é um outro ponto de interrogação que eu tenho, não sei…”, disse.

Segundo a polícia, a arma usada na execução foi encontrada no quarto de Flávio dos Santos e ele teria confessado a autoria de seis tiros, como afirma a delegada Bárbara Lomba. No entanto, o conteúdo do depoimento de Flávio é questionado por seus advogados.

Na entrevista, Flordelis disse que ninguém pode afirmar se a arma estava no quarto. “A arma foi encontrada naquele ambiente [no quarto do Flávio], mas até que prove o contrário ninguém pode afirmar nem que foi o Flávio nem que foi o Lucas.”, disse

Traição

Perguntada sobre a hipótese de uma relação extraconjugal do pastor Anderson do Carmo, Flordelis negou.

“De jeito nenhum, de jeito nenhum. Isso eu falo com o maior orgulho da minha vida. Homem quando está pulando cerca é visível gente, ele muda”, afirmou. Ela também não sabe a quem interessaria ver o pastor morto. “Eis a pergunta. Não sei.”

Flordelis e Anderson se conheceram na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, onde a pastora nasceu e foi criada. Além de mãe dos 55 filhos, ela se tornou pastora e cantora. No ano passado, entrou para a política e foi a quinta deputada federal mais votada pelo Rio de Janeiro. G1