O baiano Mateus dos Santos Costa, que morreu após um tumulto em uma ação da Polícia Militar na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, foi enterrado no Cemitério Municipal de Maracás, no sudoeste baiano.

O sepultamento ocorreu às 16h de quarta-feira (4), após velório realizado na casa da mãe da vítima. Amigos e familiares se despediram do jovem de 23 anos, que há cerca de cinco anos deixou Maracás com destino a São Paulo.

Mateus participava de um baile funk na madrugada do domingo (1º), quando ocorreu a ação policial e acabou pisoteado no tumulto.

O traslado do corpo do jovem ocorreu na tarde de terça-feira (3). Segundo familiares, a mãe da vítima pegou um empréstimo de R$ 5 mil e um banco para pagar o transporte do corpo, de avião.

De acordo com uma das irmãs da vítima, Fabiana Santos, como a família não tinha o dinheiro para o transporte, o empréstimo foi a alternativa encontrada. Ela conta que uma prima chegou a sugerir uma vaquinha online, mas a família preferiu não expor a memória do jovem com a ação.

O empréstimo será descontado na aposentadoria da mãe de Mateus, que é cadeirante. Natural de Maracás, Mateus se mudou para São Paulo em busca de emprego e morou por alguns anos com o irmão mais velho, Moisés dos Santos Costa, que já havia se estabelecido na capital paulista.

Eles trabalhavam juntos vendendo produtos de limpeza. Mateus era solteiro e atualmente morava sozinho em uma casa próxima à residência do irmão, em Carapicuíba. As outras vítimas que morreram após o tumulto também não eram da comunidade de Paraisópolis.

A cunhada do jovem, Silvia Ferreira Gonçalvez, contou que a família não sabia que ele estava no baile, na noite do domingo, mas tinha conhecimento de que ele frequentava a festa.

“Ele [Mateus] já foi nesse baile, inclusive com o meu filho”, afirmou Silvia Ferreira Gonçalvez, cunhada de Mateus. “Era um moço trabalhador. Tanto é que o patrão já procurou a gente hoje”. A cunhada também descreve Mateus como “um menino tranquilo”.

“Ele só foi para lá porque Carapicuíba não tem opção [de lazer], nem para a gente que é casal. É o único jeito que eles acham de curtir”, contou a cunhada da vítima.

Já o irmão da vítima contou, na segunda-feira, que Mateus estava juntando dinheiro para voltar para a Bahia, para ficar com a outra parte da família.

“Ele estava tirando carteira de motorista e juntava dinheiro para comprar uma moto. Dizia que ia trabalhar de motoboy e, nas horas vagas, ajudar nosso pai, que é lavrador”, disse Moisés dos Santos. “É longe, a viagem é cara. Ele era trabalhador e juntava todo dinheiro que ganhava”, completou.

Foi o casal que reconheceu o corpo do jovem no Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo. A família soube da morte por meio de amigos. Após receber a notícia, assistiram aos vídeos da ação policial. Em uma das filmagens, a vítima aparece caída no chão.

“A gente foi pega de surpresa, estamos em choque. A gente viu os vídeos dele caído no chão, todo machucado”, contou Silvia. G1