Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A nomeação do delegado Alexandre Ramagem para direção-geral da Polícia Federal foi classificada por assessores presidenciais como um erro de Jair Bolsonaro. A escolha, avaliam, deve não só gerar desgastes como também uma reação da categoria que pode minar o trabalho do delegado à frente do órgão.

Em conversas com o blog, assessores de Bolsonaro confidenciaram que houve tentativas para que o presidente desistisse de indicar Alexandre Ramagem para o posto. Segundo um desses auxiliares, o delegado tem um bom currículo profissional, mas, na linha sucessória, estava longe de ser um dos indicados para dirigir a PF.

“Haverá, com certeza, uma reação interna. Muitos delegados já estão na carreira há muito mais tempo do que ele, ele está furando a fila da linha sucessória”, disse um assessor ao blog. Sem falar, diz esse mesmo assessor, no fato de Ramagem ser muito próximo dos filhos do presidente, o que pode reforçar as acusações do ex-ministro Sergio Moro de que Jair Bolsonaro quer interferir politicamente na PF.

Além da reação interna, uma ala do governo avalia que há, sim, o risco de a indicação ser barrada na Justiça, principalmente na primeira instância, exatamente pela proximidade de Ramagem com a família Bolsonaro.

Apesar de todas as tentativas para demover o presidente da nomeação, Bolsonaro sempre deixou claro a seus interlocutores que sua decisão de colocar Ramagem no lugar de Maurício Valeixo já estava tomada antes mesmo da exoneração do indicado por Moro da diretoria-geral da PF.

No caso da ida de André Luiz Mendonça para a vaga de Moro, no comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, assessores presidenciais gostaram da solução mais técnica, que também represeta alguém da total confiança do presidente.

Segundo um assessor, pior do que nomear Ramagem, seria também indicar o atual ministro da Secretaria Geral, Jorge Oliveira, para a vaga de Sergio Moro.

Para esses assessores, se fosse mantida a intenção inicial do presidente de indicar Jorge Oliveira para o Ministério da Justiça, o governo estaria dando ainda mais motivos para as críticas de que Bolsonaro queria colocar amigos da família em postos-chave capazes de acompanhar investigações relacionadoas a seus filhos ou aliados. Blog do Valdo Cruz