O governo de Jair Bolsonaro chega ao 100º dia repleto de frustrações. O presidente e seus principais assessores se enroscam no discurso e nas atitudes e é difícil manter o otimismo em um cenário tão ruim.

Porém, apesar do marco dos 100 dias estar sendo cobrado de Bolsonaro, nenhum dos governos nos estados que tomaram posse em 1º de janeiro tem muito a comemorar. A “nova política” naufragou nas próprias promessas – e não há período curto que justifique essa derrocada.

Foram pouco mais de três meses. Para administrações que se estendem por 4 anos, isso é quase nada. No entanto, diante de uma eleição extremamente polarizada e com tantos discursos de que haveria um choque de gestão nos primeiros dias dos novos governos, é natural que criemos muita expectativa.

Não sei vocês, mas já estou desapontado, o que provoca uma sensação de que qualquer coisa que vier vai ser melhor do que o que temos hoje. Bolsonaro é apenas um dos culpados por estarmos assim. Mas não o único.

Vejamos a leva de políticos em primeiro mandato que prometeram mundos e fundos para chegar ao poder. Qual o feito mais marcante de Wilson Witzel no Rio de Janeiro do ponto de vista político? E Romeu Zema em Minas Gerais? Ibaneis Rocha no Distrito Federal?

O que João Dória fez, além das costuras com foco na eleição de 2022? Nada que mereça destaque. Até porque sabíamos ser impossível reinventar a roda, ainda que as promessas caminhassem nesse sentido.

Para trazer para um exemplo mais próximo da Bahia, o que vimos de janeiro a esse começo de abril de realização do segundo governo de Rui Costa? Até o momento, o governador baiano seguiu o fluxo de um mandato de continuação e nem mesmo uma mudança significativa do secretariado aconteceu, para encararmos essa fase 4 do petismo com um simbólico choque de gestão.

Ainda assim, Rui não incorreu no erro dos seus pares de prometer além do possível em um contexto de crise econômica não debelada integralmente e cuja crise política é alimentada por autoridades públicas. É um consolo, admito.

Enquanto os políticos – sejam eles da “nova” ou da “velha” política – seguem sua vida regular, sem nenhuma mudança drástica do status quo da classe, os eleitores seguem vítimas das mazelas de um Estado que cobra muito e dá pouco em troca.

Talvez, aos poucos, a aura de salvadores da pátria comece a se dissipar – e esses mesmos cidadãos consigam descortinar eventuais ilusões contraídas no período eleitoral.

Diante desse marco de 100 dias ultrapassado (ufa!), agora vamos para outra marca repleta de expectativas: os seis primeiros meses de mandato, quando os eleitos ainda mantêm certa doçura da lua-de-mel com as urnas.

Caso os governantes mantenham o ritmo atual, não duvidemos que a fase de fel chegue muito antes deles completarem o primeiro ano de poder. Este texto integra o comentário desta quarta-feira (10) para a RBN Digital. (Por Fernando Duarte) Foto: Reprodução/ Notícia em dia