Foto: Daniel Ibanez – CNA

Em entrevista ao canal de TV argentino C5N, papa Francisco falou sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A gravação da entrevista foi feita antes da internação do papa em Roma, na quarta-feira (29), para tratar de uma bronquite infecciosa. O pontífice teve alta neste sábado e afirmou: “Ainda estou vivo”. A entrevista foi exibida na quinta-feira (30).

Ao canal argentino, Francisco afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado sem provas. E que a ex-presidente Dilma é “uma mulher de mãos limpas”. As afirmações foram feitas quando o papa falou sobre o “lawfare” (quando a Justiça é usada para perseguição política de adversários).

“Deve-se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal o desqualifica e metem a suspeita de um crime. Então, faz-se todo um sumário, um sumário enorme, onde não se encontra [a prova], mas para condenar basta o tamanho desse sumário. Onde está o crime aqui? Mas, sim, parece que sim. Assim condenaram Lula”, afirmou o papa.

Após o entrevistador afirmar que Dilma foi cassada em 2016 por um “ato administrativo menor”, Francisco disse que a ex-presidente é “uma mulher de mãos limpas, uma mulher excelente”. Quando o entrevistador afirmou que “inocentes são condenados”, o pontífice apontou que “no Brasil, isso aconteceu nos dois casos”, referindo-se a Lula e à Dilma, e que “os políticos têm a missão de desmascarar uma Justiça que não é justa”. O papa já havia falado sobre a condenação de Lula em dezembro de 2022, ao jornal espanhol ABC.

Ele afirmou que o julgamento de Lula “começou com notícias falsas na mídia, que criaram uma atmosfera que favoreceu a colocação de Lula em um julgamento”, que o procedimento “parece não ter sido adequado”, e disse que “é preciso cuidado com aqueles que montam um cenário para um julgamento, seja ele qual for. Eles fazem isso pela mídia de forma que tenha efeito sobre aqueles que irão decidir”.

Relembre o caso

Em abril de 2018, Lula foi preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, após ser condenado em duas instâncias da Justiça no caso do triplex em Guarujá (SP). O presidente eleito foi solto em novembro de 2019, depois de ficar 580 dias preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.

Em junho de 2021, o Supremo Tribunal Federal manteve a decisão da 2ª Turma, que considerou o então juiz Sergio Moro parcial na condenação de Lula. Em dezembro do mesmo ano, a Procuradoria da República do Distrito Federal pediu o arquivamento do caso e decidiu não apresentar uma nova denúncia contra Lula.

Dilma Rousseff perdeu o mandato em 2016 após sofrer processo de impeachment. Câmara e Senado consideraram que houve crime de responsabilidade devido à prática das chamadas “pedaladas fiscais”, manobras usadas para aliviar, momentaneamente, as contas públicas. G1