O encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com governadores, ministros do STF e chefes do Legislativo nessa segunda-feira (9) foi visto como um gesto decisivo para defender a democracia e afastar as ameaças de ruptura institucional.

De um dia para o outro, Lula conseguiu colocar na mesma sala os presidentes da Câmara, do Senado, o procurador-geral da República, três ministros do Supremo, incluindo a presidente Rosa Weber, além de 24 governadores e três representantes de estado.

Ao final do evento, vários dos presentes desceram a rampa do Palácio do Planalto e cruzaram a Praça dos Três Poderes até o STF, um dia depois dos ataques promovidos por golpistas.

Para conseguir atrair os governadores da oposição, Lula se comprometeu a não transformar o evento em um ato de repúdio a Jair Bolsonaro. Em outras palavras, prometeu não atacar o antecessor. Funcionou. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Paraná, Ratinho Jr, de Santa Catarina, Jorginho Melo, e do Rio de Janeiro, Claudio Castro, que inicialmente disseram que não iriam a Brasília, toparam participar depois do compromisso de Lula.

No discurso, o presidente não mencionou diretamente Jair Bolsonaro em nenhum momento, embora tenha feito duras críticas às Forças Armadas, às forças de segurança do Distrito Federal e, claro, aos bolsonaristas golpistas. O tom do pronunciamento foi da necessidade de defender a democracia e as instituições.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, organizou as falas, que foram franqueadas a um governador por região do país. Os oposicionaistas Tarcísio de Freitas, Celina Leão (Distrito Federal) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) discursaram.

Segundo fontes do Planalto, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, estava muito à vontade, aberto ao diálogo e com postura muito amistosa. Chegou a falar com Lula sobre investimentos federais nas obras relativas ao desastre de Mariana.

Claudio Castro foi convidado por Padilha para retornar ao Planalto nesta terça-feira (10), dessa vez para uma reunião a sós com Lula. No encontro privado, Castro aproveitou para convidar o presidente para uma visita ao Rio de Janeiro, entre janeiro e fevereiro, para inaugurar um restaurante popular.

O governador chamou Lula também para participar de um encontro de governadores do Sudeste na capital fluminense em março. Antes de se encontrar com Castro, o presidente vai organizar alguma agenda com o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Após as conversas de segunda e terça-feira, no entorno de Lula, Castro já é tratado mais como aliado do que como opositor.

O encontro pós tentativa de golpe serviu de prévia da reunião oficial prevista para o dia 27 de janeiro entre o presidente e os governadores. No ato simbólico e institucional em defesa da democracia, Lula conseguiu estreitar as relações com os governadores e isolar ainda mais Jair Bolsonaro. G1