Foto: Ricardo Stuckert

A equipe de campanha PT avalia que Lula foi pior no debate capitaneado pela Band do que na entrevista ao Jornal Nacional. A principal falha, na avaliação dos interlocutores, é que o ex-presidente não conseguiu ser tão enfático sobre o combate à corrupção como foi na oportunidade anterior.

Seu ponto alto, na avaliação de interlocutores, foi nas considerações finais – quando falou do fim dos sigilos impostos pelo presidente, dos filhos de Bolsonaro e lembrou da imparcialidade de Moro e do cargo ocupado pelo ex-juiz no governo Bolsonaro.

Lula não citou diretamente Moro, mas evocou a memória e a estratégia do PT de dizer que o juiz o prendeu para tirá-lo da eleição em 2018 – o que deixou o caminho livre para Bolsonaro se eleger.

Do lado bolsonarista, o objetivo era justamente colar em Lula a pecha de corrupto, e os assessores do presidente da República avaliam que ele – como esperado – fugiu do script e acabou perdendo a linha, atacando mulheres e, nisso, dando a Lula o melhor momento para o petista.

Para o QG bolsonarista, Bolsonaro ganhava o debate de 7 x 0 até fazer gol contra com o tema mulheres. Nas palavras de um aliado, o presidente “fez mais por Lula do que o próprio Lula, que fugiu do confronto corrupção”. O eleitorado feminino é justamente um dos entraves ao avanço de Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas de intenção de voto.

Desempenhos e frases para a TV

Os candidatos apresentaram ao longo do debate diversas frases pensadas para levar cortes para as propagandas na TV e redes sociais. Bolsonaro chamou Lula de “ex-presidiário”, Soraya Thronicke (União Brasil) usou “tchutchuca” para se referir ao presidente – em referência à sátira de um youtuber na semana passada, o que fez Bolsonaro tentar pegar o celular do rapaz.

O ex-presidente Lula teve momento alto nesse sentido quando rebateu Soraya. Ela disse não ter visto o Brasil tão bem durante os governos do PT. O petista disse que “seu motorista e sua empregada doméstica viram”.

Os desempenhos no debate apontam para uma vitória junto ao eleitorado para Simone Tebet (MDB), quem mais desempenhou e se apresentou para os brasileiros, seguida por Ciro Gomes (PDT).

Lula ficou no equilíbrio. Foi mal no início, quando houve embate sobre corrupção, mas, depois, corrigiu o foco. Cresceu ao falar do público beneficiado por programas sociais criados ou ampliados durante os governos do PT e ao fazer um contraponto à agressividade de Bolsonaro em relação as mulheres. Por Andreia Sadi/G1