A Procuradoria-Geral da República incluiu novos e-mails de Marcelo Odebrecht no inquérito que investiga o senador Renan Calheiros e o governador de Alagoas, Renan Filho, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. A investigação apura se o senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, e o filho dele, o governador do estado, Renan Filho, também do MDB, cometeram crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

 

Em delação, executivos da Odebrecht disseram que a construtora fez doações oficiais para a campanha de Renan Filho, para Governador em 2014, depois de discutir com o senador apoio aos interesses dela no Senado. A Odebrecht queria a renovação de contratos de fornecimento de energia para empresas do grupo no Nordeste, com condições mais favoráveis.

 

Marcelo Odebrecht entregou à Procuradoria Geral da República um e-mail datado em 2012 enviado a ele pelo executivo encarregado das relações com o Congresso Nacional. Cláudio Melo Filho relata a Marcelo e ao então presidente da Braskem, do grupo Odebrecht, uma reunião com o senador Renan Calheiros, na qual foi combinada uma primeira tentativa de prorrogação dos contratos segundo o Jornal Nacional. Veja abaixo o que diz o e-mail.

 

“Ontem me reuni com senador Renan, que incluiu uma emenda de relator e permitiu que Chesf fosse beneficiada até 2015. Vamos tentar ainda incluir possibilidade de renovação nas mesmas bases. Contudo já foi uma vitória!”. Segundo a PGR, a mensagem demonstra a “estreita relação” do senador Renan com o tema de interesse do grupo Odebrecht envolvendo os contratos de energia com a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco). A prorrogação acabou não ocorrendo naquele momento, mas, segundo a PGR, as tentativas da empresa pela renovação continuaram.

 

Em outubro de 2014, durante a tramitação de outra medida provisória, o senador Romero Jucá apresentou uma emenda para incluir no texto a renovação dos contratos. Em um e-mail daquele mês, Marcelo Odebrecht diz que “JW e Renan hoje têm força suficiente para, se quiserem, conseguirem resolver o tema da energia Chesf”. JW seria o governador da Bahia à época, e hoje senador eleito Jaques Wagner do PT. A emenda acabou vetada.

 

A Procuradoria-Geral da República afirma que esta foi uma das oito tentativas de Jucá para beneficiar a Odebrecht no caso. Segundo a PGR os e-mails indicam que haveria uma “atuação concertada” de Renan e de Romero Jucá e que Renan teria tornando Romero Jucá o intermediário dos interesses da Odebrecht para o tema.

 

Renan diz que foi ele quem impediu a colocação de jabutis em MPs e que o objetivo era combater irregularidades. Em entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila à Globo News, Renan se defendeu. “Não tem um fato que me cite, não tem um e-mail meu para ninguém, eu nunca, não tenho conta no exterior. Então, eu não tenho, assim, receio de nada e jamais eles vão ter uma prova concreta conta mim. Simplesmente, Roberto, porque eu nunca fiz esse tipo de mal feito”, diz Renan.