Mais de 12 milhões de doses da Spikevax (vacina contra a Covid-19 da Moderna) vão ser importadas e trazidas para o Brasil: o primeiro dos 40 voos com 1,4 milhão de lotes chegou nesta semana. Agora, a principal dúvida é quando a campanha nacional de imunização começa para o grupo prioritário, já que o governo ainda não estipulou uma data.
Por que a vacina da Moderna foi escolhida?
Há dois componentes nesta escolha: aspectos técnicos e preço.
💵 O governo federal só aceitou propostas de empresas que fornecessem imunizantes atualizados para fornecer uma melhor resposta imune contra a variante XBB 1.5 do coronavírus, que é a predominante em circulação. Além disso, essas versões chamadas de “monovalente” das vacinas ter autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Na concorrência entre as duas farmacêuticas habilitadas (Moderna e Pfizer), o governo diz que economizou R$ 100 milhões, mas não divulgou o investimento total.
🧬 A Spikevax da Moderna, assim como a Comirnaty, fabricada pelo laboratório farmacêutico Pfizer, são vacinas que têm tecnologia que permite a adaptação do produto para produzir resposta imune a novas cepas do vírus: as duas são com base no RNA Mensageiro.
➡️ O RNA corresponde a uma determinada proteína do agente infecioso. No caso da Covid-19, a Spike, que está na coroa do vírus. Quem recebe a vacina com essa tecnologia não é exposto a uma parte do micro-organismo que causa a doença, mas sim a um modelo de um RNA mensageiro dele.
Com isso, as células produzem parte da proteína do vírus e ensinam ao corpo que ela é um corpo estranho, estimulando uma resposta de proteção contra ela do sistema imunológico.
As vacinas com RNA Mensageiro oferecem uma resposta melhor ao vírus e são mais fáceis de serem atualizadas, respondendo às novas cepas. Essa vacina é mais atual e, com isso, oferece melhor proteção.
— Alexandre Barbosa, médico infectologista.
Por que as vacinas produzidas pelo Butantã e Fiocruz não serão usadas?
❗Os especialistas não recomendam que o Brasil aplique vacinas que foram desenvolvidas para cepas que não são as dominantes em circulação. E não há previsão de atualização dos imunizantes que já eram produzidos no país.
⚗️ A Fiocruz e o Instituto Butantan afirmarm que teriam capacidade para suprir a demanda do Ministério da Saúde, se necessário, mas fornecendo a vacina antiga, e que não pretendem realizar modificações nas vacinas AstraZeneca e Coronavac.
A tecnologia do RNA Mensageiro ainda não é utilizada no Brasil, mas está em desenvolvimento pela Fiocruz. Foram investidos R$ 51 milhões no modelo que vai poder ser aplicado em vários tipos de imunizantes no país. A previsão, no entanto, é que isso só seja utilizado daqui a três anos.
Há ainda expectativa de avanços nos estudos do novo imunizante do Instituri Butantan, que esclarece que a vacina ButanVac encontra-se na fase 2 de ensaios clínicos.
“Produzida a partir da técnica de vírus inativo, a ButanVac poderá ser produzida totalmente no Brasil após finalização do estudo e aprovação da Anvisa. O imunizante seguirá as recomendações da OMS e deverá ser atualizado sazonalmente com as cepas indicadas pelo órgão, como a JN.1 – variante de maior circulação atual que está substituindo outras cepas como a ômicron e suas sublinhagens”, informou o Butantan em nota.
Por que é preciso atualizar a vacina?
💉 Contextualização: os novos imunizantes protegem contra a variante XBB 1.5 e são os mais atualizados disponíveis. No país, duas farmacêuticas tiveram a atualização de suas vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): Pfizer e Moderna.
Novas mutações do vírus SARS-CoV-2 são esperadas. Isso é um comportamento comum – porque, à medida que o vírus se espalha, ele pode sofrer muitas modificações genéticas. Dessas mutações podem surgir novas variantes, linhagens e cepas.
Com as mudanças, a resposta imunológica precisa também acompanhar. Por isso, é necessário que a vacina seja atualizada para a “versão” do vírus atual em circualação.
O vírus vai mutando ao longo do tempo e, por isso, precisamos de atualizações nas vacinas. É comum que isso ocorra ao longo do tempo. A vacina é segura e garante proteção para essas variantes que estão circulando no momento.
— Julio Croda, infectologista e pesquisador na Fiocruz. G1