EC Bahia

O retorno de Fernandão foi anunciado pelo Bahia no dia 23 de janeiro de 2019. Comprado por R$ 4,5 milhões – a contratação mais cara da história do clube na época – o centroavante retornou a Salvador com status de ídolo, após cinco anos entre futebol europeu e asiático.

A estreia do atacante foi no primeiro Ba-Vi do ano passado, dia 3 de fevereiro. Substituiu Rogério aos 37 minutos do segundo tempo e não tinha muito o que fazer. Depois do clássico passou cerca de um mês entre a recuperação de lesão na coxa e melhora nas condições físicas.

Neste dia 17 de março, completa-se um ano da estreia pra valer do camisa 20 tricolor: contra o Jequié, fora de casa, Fernandão foi titular pela primeira vez e marcou quatro gols na goleada por 5×0 que classificou o Bahia para as semifinais do Campeonato Baiano.

Um ano depois, aquela tarde de alegria em torno do atacante se transformou em um ponto fora da curva. E a contratação mais badalada do clube na gestão de Guilherme Bellintani se consolidou como uma substituição manjada no terço final das partidas.

Tempo para marcar

No início de 2020, Fernandão utilizou suas redes sociais para reclamar do pouco tempo de jogo. Olhando os números frios, a insatisfação é estranha, já que na temporada passada ele atuou em 48 partidas, só dez a menos que Gilberto, titular da posição e artilheiro do clube em 2019 com 29 gols. Fernandão encerrou seu primeiro ano de contrato no retorno ao Bahia com 13 gols, vice-artilheiro do tricolor.

No entanto, pelo número de minutos em campo, Fernandão está no direito de argumentar. A média dele no ano passado foi de 34,3 minutos por partida – 1.651 no total. Dos 48 jogos, saiu do banco em 31 e foi titular em 17. Destes, foi substituído em 14. Ou seja, fez apenas três jogos inteiros: contra Goiás, São Paulo e Internacional.

Para efeito de comparação, Gilberto fez 58 jogos e acumulou 4.257 minutos. Isso dá uma média de 73 minutos em cada. Ou seja: o mais habitual em 2019 foi ver Gilberto jogando até 28 minutos do segundo tempo. E, proporcionalmente, Fernandão precisou de menos tempo em campo para fazer um gol do que Gilberto: o reserva marcou um gol a cada 127 minutos. O titular fez 1 a cada 146 minutos.

De fato, Fernandão rendeu mais quando teve mais tempo em campo. Dos 13 gols anotados por ele no ano passado, 11 aconteceram em partidas nas quais o camisa 20 jogou por mais de 45 minutos. As exceções foram contra Athletico-PR e Goiás, ambos pelo Brasileiro. Nessas ocasiões, ele atuou por 23 e 13 minutos, respectivamente.

Em 2020, a média do camisa 9 subiu para 80,2 minutos. Já foram 722 minutos jogados, o que, por tabela, reduz o espaço de Fernandão.

Neste ano a única vez que o atacante de 32 anos teve mais de 45 minutos foi contra o Jacuipense, pelo Baiano – na ocasião, ele pediu para jogar no time de aspirantes. Ficou em campo por 63 minutos e até marcou um gol. Só que foi mal anulado.

Pelo time principal, a média de Fernandão em campo em 2020 é de 13,5 minutos por jogo. Contando o que ele fez no estadual, esse número sobe para 19,7 minutos. Em oito partidas na temporada, não marcou nenhum gol.

Concorrência com Gilberto

A três partidas de completar 100 jogos pelo Bahia, Fernandão tem pela frente uma temporada quase inteira para recuperar sua melhor forma e cair nas graças da torcida como fez em 2013, quando marcou 15 gols no Campeonato Brasileiro. Foi superado apenas por Éderson (21), Dinei e Hernane (16) na lista de artilheiros. Por curiosidade, fez um gol a mais do que Gilberto, que marcou 14 vezes pela Portuguesa.

Gilberto, por sinal, é um grande empecilho. O centroavante titular vive boa fase desde o ano passado e não dá brecha para o reserva. Um esquema com os dois atuando juntos parece inviável, fazendo com que apareçam ainda mais perguntas sobre o tema “Fernandão”. Correio da Bahia