Em 29 de março de 1549, nascia São Salvador da Bahia de Todos-os-Santos, que logo depois se transformaria em apenas Salvador. A data marca a chegada do primeiro governador do país, Thomé de Souza, no território baiano com seis embarcações e uma comitiva de aproximadamente dez mil pessoas para fundar, sob ordens do rei de Portugal, a primeira capital do Brasil.

Antes disso, em 1510, ocorreu o naufrágio de um navio francês na região do bairro do Rio Vermelho. De sua tripulação, fazia parte o português Diogo Álvares, o Caramuru, que exerceu o papel de mediador nas relações entre os navegadores europeus e os nativos tupinambás. Os anos se passaram e de lá pra cá muitas coisas mudaram. Ruas e avenidas foram construídas, enquanto prédios e até uma igreja desapareciam do mapa soteropolitano.

Foi o que aconteceu na Avenida Sete de Setembro. Pouca gente sabe, mas no lugar que hoje abriga o Relógio de São Pedro, existia uma igreja com o mesmo nome do santo católico. Já na Praça da Piedade, um prédio foi cortado ao meio para a construção da nova via. É o que diz o historiador Rafael Dantas. Segundo o pesquisador, as primeiras décadas do século 20 foram marcadas por grandes transformações urbanísticas na cidade.

“No início do século 19, tivemos a vinda da Família Real ao Brasil e aqui Bahia, uma série de melhoramentos foram realizados na Cidade Baixa e em todo o seu entorno, e na Cidade Alta também. O grande boom de transformação urbana na cidade é a virada do século 19, em especial, as primeiras décadas do século 20, onde tivemos o governo de JJ Seabra realizou uma série de obras na malha urbana de Salvador, a exemplo da construção da Avenida Sete de Setembro que mudou a cara da cidade”, explicou.

Ainda de acordo com o historiador, que atualmente está fazendo um trabalho com imagens antigas que mostram a evolução de Salvador, outro processo significante de mudança na cidade aconteceu entre as décadas de 40 e 50, período do então governador Otávio Mangabeira. Foi nessa época que surgiu a Avenida Centenário, um dos principais acessos a um dos primeiros bairros de Salvador, a Barra.

Governado por Antônio Carlos Magalhães, nos anos 60 e 70, o município, segundo Dantas, ganhava novos rumos com a criação da Avenida Paralela, que naquele tempo era conhecida por “ligar nada a lugar nenhum”.

“Salvador que antes era concentrada na região do centro antigo, onde tinha as sedes de secretarias administrativas e poder público, passou para uma outra zona que é a área da Paralela e Centro Administrativo da Bahia. Isso deu um aumento populacional, levou pessoas para àquela região. O Iguatemi, na década de 80, também mudou esse contorno. As pessoas não iam mais para a Avenida Sete. Foram mudanças bastante significativas”, disse.

Para celebrar os 470 anos de história da terra mãe do Brasil, o Bocão News preparou uma lista de imagens que retratam as modificações ocorridas na cidade e que foram citadas nesta reportagem. As fotos foram cedidas ao site pelo historiador Rafael Dantas.

VEJA AS FOTOS

1. Vista da Cidade Baixa, com os belos prédios de quatro e cinco pavimentos, fruto do empenho dos comerciantes ao longo do século XVIII e XIX. Na Cidade Alta os fundos da Catedral Basílica de Salvador, casarios que ocupavam o espaço do atual prédio da Coelba, Palácio Episcopal e Igreja da Sé, demolida na década de 1930 do século XX.
(FOTO: Panorama de Salvador, Ba. 1860. Benjamin R. Mulock. Acervo Instituto Moreira Salles.)

2. Os prédios da região do Cais, com suas belas janelas e o movimentado porto na frente. No canto direito da imagem parte da antiga Alfandega, atual Mercado Modelo. Os prédio foram demolidos no decorrer do século XX. Atualmente nesse trecho temos a Avenida Miguel Calmon, atual bairro do Comércio.
(FOTO: Cais das Amarras de Salvador, Ba. 1860. Benjamin R. Mulock. Acervo Biblioteca Nacional. Imagem encontrada no site Guia Geográfico.)

3. Antigo Teatro São João, demolido em 1923. Hoje temos o atual prédio do Palácio dos Esportes na frente da Praça Castro Alves.
(FOTO: Postal Mello e Filhos, 1911.)

4. Igreja velha de São Pedro. Ficava onde hoje temos a estátua do Barão do Rio Branco, em frente ao Relógio de São Pedro. Foi demolida para dar passagem a Avenida Sete de Setembro. (FOTO: Postal J. Mello. Início do século XX.)

5. Antigo Prédio do Senado Bahia. Notem que a ala esquerda ocupava parte da área onde hoje temos a Avenida Sete de Setembro. Na frente a Praça da Piedade cercada por gradil. Destaque para os transeuntes capturados na fotografia.
(FOTO: Postal J. Mello. Início do século XX. Imagem encontrada no site Guia Geográfico.)

6. Antiga Praça da Piedade mostra o mesmo prédio já com uma das suas alas demolidas.
Década de 30 do século XX.
(FOTO: Imagem encontrada no site Guia Geográfico.)

7. Antiga Sé. Demolida em 1933, no lugar temos a Cruz Caída, ao lado da Igreja da Misericórdia. Na imagem, do século XIX, observamos a imponente fachada.
(FOTO: Pormenor. Luís dos Santos Vilhena, início do século XIX. Biblioteca Nacional.)

8. Prédio da Imprensa Oficial e da Biblioteca Pública, inaugurado em 1919, ambos demolidos. No lugar atualmente temos o prédio moderno da Prefeitura de Salvador.
(FOTO: Imprensa Oficial e antiga Biblioteca Pública. Década de 30 do século XX. Imagem encontrada no site Guia Geográfico.)

9. Corredor da Vitória, Salvador. Trecho próximo ao atual Solar Cunha Guedes, perto do Museu Carlos Costa Pinto. Na imagem, lado direito, tempos o antigo palacete da família Costa Pinto, demolido. Uma série de outros palacetes e mansões do Corredor da Vitória, Campo Grande, Graça e Barra também começaram a desaparecer a partir das décadas de 60 e 70.
(FOTO: Postal colorizado Litho. Typ. Joaquim Ribeiro. Década de 20, século XX. Imagem encontrada no site Guia Geográfico.)

10.  Largo da Vitória. Destaque para a Igreja da Vitória e o casarão do canto esquerdo, atualmente descaracterizado/reformado da clínica CATO.
(FOTO: Postal Colorizado Mello & Filhos. 1915. Imagem encontrada no site Guia Geográfico.)

(Bocão News)