Foto: Carlos Moura/SCO/STF

A sindicância do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) sobre a invasão de golpistas ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro apontou falha na comunicação como um dos fatores que prejudicaram a ação contra os vândalos. A sindicância também pede abertura de procedimentos acusatórios (investigação interna) contra dois militares (veja mais abaixo).

A investigação administrativa interna do GSI durou quatro meses. De 31 de janeiro a 6 de junho.

A sindicância concluiu que as deficiências no fluxo e na qualidade de informações de inteligência “constituíram fator determinante para o dimensionamento insuficiente das equipes de segurança presentes no Palácio do Planalto”.

O documento afirma que o GSI não recebeu qualquer e-mail da Secretaria de Segurança Pública do DF alertando sobre a dimensão dos atos golpistas.

E que o correio SISBIN, um dos canais oficiais de transmissão entre a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o GSI também não enviou nenhum informe oficial.

O aplicativo Radar, da Abin, que poderia ser outro canal seguro para repassar informações de inteligência, não estava funcionando desde o ano passado.

E o grupo de mensagens chamado CIISP/DF-Manifestação, da Secretaria de Segurança do DF, que informava os órgãos locais e federais, recriado no dia 7 de janeiro, tinha como único representante do GSI o tenente-coronel da PM, Jáder Silva dos Santos, que estava de folga desde o fim do ano.

O tenente-coronel afirmou à sindicância que só se deu conta de que participava do grupo durante os acontecimentos do dia 8 de janeiro.

Mesmo assim, a sindicância sugeriu à Polícia Militar do DF abrir procedimento acusatório contra o tenente-coronel por considerar que o fato de ele estar de folga não o isentava da responsabilidade de alertar as autoridades.

O documento final ainda sugeriu ao Exército a abertura de procedimento acusatório contra o então chefe da Coordenadoria de Avaliação de Risco, coronel Alexandre Santos de Amorim, porque ele deveria ter alertado sobre a gravidade da situação.

A sindicância também concluiu que houve indícios de deficiências no processo de comando e controle durante a invasão do Palácio do Planalto.

E, por isso, determinou a revisão das regras de engajamento de segurança das instalações do Planalto.

Ex-ministro

A investigação administrativa inocentou de responsabilidades o ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias.

O ex-ministro apareceu em imagens dentro do palácio conversando com os golpistas. Ele disse à sindicância que estava no local para retirar os manifestantes. E que as imagens em que ele aparece foram retiradas de contexto.

A sindicância entendeu que G. Dias fez o que se espera de uma autoridade naquelas circunstâncias.

“Quanto à conduta adotada pelo então ministro Gonçalves Dias, de estar presente e atuando no interior do Palácio do Planalto durante as invasões, este sindicante chega à conclusão de que o militar tenha adotado técnicas de negociação e coordenação dos demais agentes do GSI, quanto à retomada das instalações, varredura dos andares e detenção dos manifestantes no segundo andar do Palácio, estando de acordo com o esperado de uma autoridade em sua posição naquela situação”, afirma o documento.

Água para golpistas

O major José Eduardo Natale, flagrado dando água para os vândalos, também não foi punido.

Mas a sindicância afirmou que o ato de dar água para os invasores não consta no protocolo de segurança.

“Foi ainda verificada a adoção de condutas, como a distribuição de água e o cumprimento aos manifestantes, não previstas nas Regras de Engajamento”, explicou a sindicância. G1