Waldemir Barreto/Agência Senado

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu nesta última sexta-feira (28) o teste público de segurança do sistema de votação que será utilizado nas eleições municipais deste ano. De acordo com o tribunal, o sistema está pronto para ser colocado em operação.

O primeiro turno deve ser realizado em 15 de novembro, após um adiamento motivado pela pandemia do coronavírus. Mais cedo, o TSE informou que o horário de votação será ampliado na tentativa de reduzir filas e aglomerações nos locais.

Durante três dias, especialistas em tecnologia tentaram executar planos de ataque ao sistema que armazena os dados das eleições, mas não obtiveram sucesso.

Esse sistema é chamado de Gedai e recebe dados de eleitores, candidatos, além de todos os programas inseridos na urna. O Gedai também faz gravações em mídias digitais e essas mídias transferem os dados para a urna eletrônica.

De acordo com o secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Janino, um grupo composto por peritos da Polícia Federal chegou a superar uma das camadas de proteção do sistema, mas não obteve êxito ao tentar invadir a área principal.

Fazendo uma analogia com uma residência, Janino afirmou que os especialistas conseguiram pular o muro, mas não chegaram a entrar na casa.

“Agora à tarde [nesta sexta-feira], a equipe conseguiu passar pelo SIS [muro], como se conseguissem pular a cerca, só que onde está o Gedai foram fortalecidas as portas, as trancas, as fechaduras, e não conseguiram entrar no Gedai para fazer qualquer estrago”, afirmou.

“Para o nosso entendimento, foi um grande sucesso, no sentido de colocar o sistema à prova, utilizar a contribuição dos peritos e fortalecer o sistema eleitoral. Isso evidencia que o sistema está pronto para ser colocado em operação e muito mais fortalecido”, acrescentou o secretário do TSE.

Último teste

O teste público de segurança é o último desse tipo antes da realização das eleições. Segundo Janino, em uma prova anterior, realizada em 2019, especialistas conseguiram superar o SIS e chegar ao Gedai, mas não conseguiram fazer alterações “essenciais” de dados ou programas.

Diante desse ataque, a equipe de tecnologia da Corte aprimorou o sistema. Entre os objetivos do teste público de segurança, de acordo com Janino, estava o de atacar o sistema que funciona no âmbito dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) para tentar alterar dados e programas.

Urna ‘inviolável’

Em entrevista coletiva, o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, afirmou que até hoje a urna eletrônica – que funciona sem conexão à internet – demonstrou-se “inviolável”. “Nunca se documentou nenhum tipo de fraude relativamente às eleições”, declarou o ministro do Supremo Tribunal Federal. O magistrado disse ainda que, no tempo do voto em cédula é que se verificavam irregularidades.

“Às vezes, as pessoas têm saudades de um tempo que não houve. No tempo do voto manual, no tempo do voto impresso, é que nós tínhamos muitos episódios de fraudes, mas muitos mesmo. Aliás, a história da República Velha, do voto manual, era a história de fraudes sucessivas. Ao passo que, no tempo da urna eletrônica, nunca se comprovou fraude alguma”, comparou o presidente do TSE.

Extensão do horário de votação

Na quinta-feira (27), Barroso decidiu ampliar o horário de votações nas eleições municipais, em razão da pandemia da Covid-19. Os eleitores poderão votar entre 7h e 17h – em outros anos, as eleições começavam às 8h. O período entre 7h e 10h será preferencial para eleitores acima de 60 anos, que fazem parte do grupo de risco para o coronavírus. Na entrevista de sexta, Barroso disse que a medida foi tomada com base em orientações de especialistas e com o objetivo de se evitar filas e aglomerações.

“Chegamos à conclusão da conveniência de se estender em uma hora a jornada eleitoral, o que minimizaria o risco de nós termos filas e aglomerações no dia das eleições”, disse o magistrado. Questionado sobre um possível aumento na abstenção em razão da pandemia, o ministro disse esperar que isso não ocorra e que as pessoas “estão preocupadas com os destinos do país”.

Fake news

Sobre a disseminação de notícias fraudulentas durante o período eleitoral, Barroso afirmou que o TSE fez reuniões com as empresas que gerenciam redes sociais para tratar do que chamou de “comportamentos inautênticos”.

“[As redes sociais] agora se tornaram parceiras no enfrentamento de comportamentos inautênticos. Nós não queremos censurar conteúdo, nós queremos enfrentar os comportamentos inautênticos […]. É do interesse da Justiça Eleitoral, do país, e das próprias mídias sociais não serem utilizadas para a degeneração da democracia”, declarou.

O ministro do TSE também disse que a Corte realiza campanhas de conscientização da população contra a disseminação de conteúdos falsos. E que conta com a imprensa profissional e com plataformas de checagem de fatos para o enfrentamento às fake news.

“Nós vamos ter, na página do TSE, uma aba específica para desmentir notícias fraudulentas. Estamos em contato com as companhias telefônicas e já solicitamos a elas que, durante o período eleitoral de dois meses, concordem com [a possibilidade] de as pessoas acessarem, dos seus dispositivos, a página do TSE sem que isso represente custo ou gasto nos seus dados. Ainda não temos uma resposta, mas esperamos ter uma resposta positiva”, concluiu. G1