Foto: Mário Oliveira/ Semcom

As mortes, as internações e os casos graves e leves de Covid-19 têm sofrido uma redução expressiva nos últimos meses no Brasil. Segundo especialistas, essa trajetória é resultado do avanço da vacinação e, para que seja mantida nos próximos meses, deve continuar sendo acompanhada de outras medidas de prevenção, especialmente o uso de máscaras.

Desde o pico da pandemia, a média móvel de mortes por Covid-19 caiu 86% no Brasil, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa. De 3.125 em 12 de abril para 438 nesta quinta-feira – a menor marca desde novembro de 2020. O número mostra a expressiva redução dos óbitos provocados pelo coronavírus nos últimos meses.

média móvel de casos também está em queda. No último pico, em 23 de junho, eram 77.295. Os casos graves e internações vão na mesma direção. De acordo com o último boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS se estabilizaram em níveis baixos, inferiores a 50%.

Apenas Espírito Santo e Distrito Federal estão em alerta, com 75% e 83% de ocupação, respectivamente. Entre as capitais, apenas quatro estão na zona de alerta intermediário: Porto Velho (65%), Vitória (73%), Rio de Janeiro (65%) e Porto Alegre (63%). As demais 22 capitais estão fora.

Estabilização da pandemia

“Esses novos dados representam a estabilização da epidemia no Brasil, ainda com níveis que necessitam atenção, pois a circulação de pessoas nas ruas e a positividade de testes permanecem altas”, afirma o Observatório Covid-19 da Fiocruz.

A Fiocruz, assim como outros especialistas, afirma que a vacinação é a grande responsável por essa queda nos indicadores da doença. Mas ressalta que é necessário manter outras medidas de prevenção para evitar uma nova alta, como ocorreu em outros países, que deixaram de exigir o uso de máscaras e foram afetados pela chegada da variante Delta.

“Embora de grande importância, a vacinação não pode ser tratada como a única medida necessária para interromper a transmissão do vírus entre a população”, afirma o boletim, assinado por 10 especialistas da Fiocruz. “É essencial que, concomitantemente, ainda sejam adotadas medidas para conseguir bloquear a circulação do vírus.”

O epidemiologista Pedro Hallal, da UFPel, afirma que a prioridade é impedir o avanço da variante Delta, mais transmissível. “No momento atual, o nosso maior inimigo é a variante Delta”, afirma Hallal. “Se conseguirmos evitar que a variante Delta gere um novo aumento de casos, estaremos muito próximos de vencer a pandemia, caso a vacinação continue avançando.” Ele lista os cuidados necessários para evitar um novo crescimento da pandemia e manter a trajetória dos índices:

  • Usar máscaras, especialmente em locais fechados
  • Evitar aglomerações, especialmente se houver a presença de não vacinados
  • Manter a higiene das mãos, especialmente evitar tocar as mãos nos olhos, nariz e boca

‘Não divida o ar’

A epidemiologista Denise Garrett afirma que, após um ano e meio de pandemia, e com o avanço da vacinação, as pessoas devem focar naquilo que é mais importante para a prevenção: o ar que respiram.

“Tem um cuidado que deve nortear as nossas decisões: é ao ar que você respira. Álcool gel, limpeza, têm o seu papel, claro. Mas o ponto determinante é o ar. Não dividir o ar com as outras pessoas”, afirma a médica, que trabalhou mais de 20 anos no Centro de Controle de Doenças (CDC) do Departamento de Saúde dos EUA.

“A máscara é imprescindível em ambientes fechados, onde não tem a renovação de ar necessária. Mas se você está caminhando na praia, no parque, ou comendo com a família em uma mesa do lado de fora do restaurante, não tem o mesmo risco.”

O uso de máscaras deve seguir duas regras: ajuste no rosto e capacidade de filtragem. “Pode ser a melhor máscara do mundo. Se não estiver ajustada, vai passar o ar.” Em locais fechados ou com aglomeração, o ideal é usar máscaras do tipo PFF2/N95, que filtram o ar e protegem quem está usando. Na falta desta, a cirúrgica, que não tem a mesma proteção. Outras máscaras, como as de pano, não protegem quem está usando, mas reduzem a transmissão.

“Alguma máscara é melhor que nenhuma. As máscaras de pano reduzem a possibilidade de uma pessoa com Covid-19 contaminar outra. Mas em ambientes fechados o ideal é usar uma PFF2 bem ajustada no rosto.” Segundo Denise, é possível pensar em flexibilização com segurança, desde que as pessoas sigam essas recomendações. G1