EC Bahia

Durou menos de 100 dias a segunda passagem de Enderson Moreira pelo Bahia. Contratado pelo clube em 26 de junho, o treinador foi demitido na tarde do último sábado, depois de 97 dias à frente do Tricolor. Mesmo com apenas mais seis rodadas da Série B a serem disputadas, o técnico não resistiu a combinação de desempenho e resultados ruins. O Bahia só venceu um dos últimos seis jogos que disputou com Enderson.

Foram 19 partidas disputadas sob o comando de Enderson. Neste período, o Bahia venceu sete jogos, empatou seis e perdeu seis. Aproveitamento de 47,3% dos pontos disputados.

Em termos de tabela, pouca coisa mudou e Enderson deixa o Bahia na terceira posição, o mesmo lugar em que encontrou o time. Dentro e fora de campo, no entanto, o período marcou um trabalho que não vai deixar saudade no torcedor.

Listamos cinco erros que marcaram a segunda passagem de Enderson Moreira pelo Bahia:

  1. Escalação por currículo (Marcinho e Rodallega)
  2. Fragilidade fora de casa
  3. Jogadores fora de posição
  4. Promessa de bom desempenho
  5. Relação com a torcida

1. Escalação por currículo (Marcinho e Rodallega)

O mais recente trabalho de Enderson no Bahia deixou a sensação de que nem sempre o treinador escalou o time de acordo com o rendimento dos jogadores. A impressão era de que, em alguns casos, o currículo ficou à frente do futebol apresentado dentro de campo. Foi assim com Rodallega e Marcinho, por exemplo.

Entre o fim de julho e o início de agosto, em um dos melhores momento de Matheus Davó na temporada, o atacante se acostumou a ficar no banco de reservas enquanto Rodallega era o titular. Foi preciso o colombiano passar dez jogos em branco para que o jogador emprestado pelo Corinthians assumisse uma das vagas no onze inicial do Tricolor.

Situação parecida aconteceu com André e Marcinho. Depois de um início irregular, quando finalmente parecia encontrar a confiança necessária para jogar, o jovem atleta da base foi preterido pelo recém-contratado lateral-direito. E a titularidade de Marcinho foi mantida mesmo após seguidas exibições ruins do jogador.

2. Fragilidade fora de casa

Apesar de não estar no banco de reservas por causa de uma demora na regularização, Enderson Moreira estreou pelo Bahia contra o Brusque, com uma vitória por 2 a 0 fora de casa. Alguns partida depois, e mais um triunfo longe de Salvador: 2 a 0 no Guarani. Os bons resultados como visitante, no entanto, terminaram ali. Desde então são sete partidas fora de casa, com cinco derrotas e dois empates.

A fragilidade do time nas partidas longe de Salvador foi um ponto apontado por jogadores durante entrevistas coletivas. Após a derrota para a Chape, na última sexta-feira, o próprio treinador reconheceu a dificuldade e avaliou o time: “sem consistência fora de casa”.

Bahia como visitante sob o comando de Enderson:

  • Brusque 0 x 2 Bahia; rodada #15 da Série B ✅
  • Vila Nova 1 x 1 Bahia; rodada #16 da Série B 🤝
  • Athletico 2 x 1 Bahia; oitavas de final da Copa do Brasil ❌
  • Guarani 0 x 2 Bahia; rodada #18 da Série B ✅
  • Cruzeiro 1 x 0 Bahia; rodada #20 da Série B ❌
  • Sampaio Corrêa 2 x 0 Bahia; rodada #23 da Série B ❌
  • Londrina 1 x 1 Bahia; rodada #25 da Série B 🤝
  • Ponte Preta 2 x 0 Bahia; rodada #27 da Série B ❌
  • Criciúma 0 x 0 Bahia; rodada #29 da Série B 🤝
  • Sport 1 x 0 Bahia; rodada #30 da Série B ❌
  • Chapecoense 3 x 1 Bahia; rodada #32 da Série B ❌
O aproveitamento do Bahia nos jogos fora de casa com Enderson foi de 27%.

3. Jogadores fora de posição

Algumas improvisações e mudanças de posição atrapalharam o trabalho de Enderson. O caso que mais chamou atenção foi o de Luiz Henrique, barrado enquanto o volante Rezende atuava na lateral esquerda do Bahia.

De acordo com apuração da reportagem, em seus últimos dias à frente do Tricolor Enderson Moreira teve a escalação questionada por alguns jogadores. Ricardo Goulart e Lucas Mugni reclamaram do esquema utilizado no empate em 2 a 2 com o Operário-PR. No entendimento dos atletas, a formação não favorecia o time.

4. Promessa de bom desempenho

Uma promessa não cumprida foi um dos maiores erros de Enderson no Bahia. Promessa essa que foi feita inicialmente por outra pessoa, e depois reafirmada pelo treinador. Ao demitir Guto Ferreira e contratar Enderson Moreira, o diretor de futebol Eduardo Freeland prometeu um Bahia preocupado não apenas com os resultados, mas também com desempenho.

– Nossa opção envolve performance x resultado. Uma análise baseada nisso. Futebol não é só resultado, não é só performance. Tem que ter equilíbrio – disse Freeland.

– Expectativa é que a gente possa fazer um trabalho melhor, entregar resultados, performance boa. Que o torcedor se sinta representado dentro de campo. É o nosso objetivo – afirmou Enderson. A cada novo resultado ruim, as falas eram cobradas por mais e mais torcedores do Bahia.

Contratado para trazer desempenho ao time que tinha resultados, Enderson Moreira entrega um Bahia que agora não tem nem um nem outro.

5. Relação com a torcida

A soma de todos esses pontos levou a uma inevitável relação de desgaste com a torcida. Nas últimas semanas o treinador passou a ser muito criticado, tanto nas redes sociais, quanto na Arena Fonte Nova.

No empate com o Operário-PR, por exemplo, ele foi chamado de burro e discutiu com um torcedor na saída do gramado. Mais tarde, na entrevista coletiva, o treinador explicou que perdeu a paciência porque jogaram cerveja nele.

Enquanto define um novo treinador, o Bahia se prepara para a próxima rodada da Série B. O Tricolor volta para campo na terça-feira, contra o Novorizontino. A partida está marcada para as 21h30, no estádio Jorge de Biasi. Globoesporte