Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

O presidente Jair Bolsonaro ganharia mais pontos nas eleições no Brasil se não falasse de política durante sua passagem por Londres, onde participa do funeral da rainha Elizabeth II. A avaliação é de aliados e assessores do presidente da República depois que ele falou de eleições tanto no domingo (18) como nesta segunda –feira (19), aproveitando para fazer críticas indiretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo interlocutores de Bolsonaro, ele deveria falar com seus apoiadores em Londres, agradecê-los pelo apoio, dizer até que confia numa vitória no primeiro turno, como fez, mas parar por aí e afirmar que, em respeito à rainha, não trataria de política na sua passagem por Londres.

“Ele com certeza ganharia pontos entre indecisos, que são o alvo do momento de todas as campanhas, mas, falando de política no tom que fez, acaba atrapalhando a busca de votos neste segmento do eleitorado”, avaliou um aliado de Bolsonaro.

Nesta segunda, Bolsonaro repetiu a mesma estratégia e foi além, dizendo que todo mundo um dia terá um fim e que, no juízo final, não contará com ministros do Supremo para torna-lo elegível. Uma indireta para o STF e para Lula (o Supremo anulou as condenações do ex-presidente, feitas nos julgamentos da Operação Lava Jato, e permitiu que o petista recuperasse seus direitos políticos para disputar a eleição presidencial deste ano).

Adversários do presidente da República já ingressaram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo que a campanha de Bolsonaro seja proibida de usar as imagens em Londres no seu programa eleitoral. A expectativa deles é que o TSE repita o mesmo procedimento sobre o julgamento dos atos de Sete de Setembro, quando proibiu a campanha do candidato à reeleição de usar as imagens no horário eleitoral gratuito.

Integrantes do TSE, porém, avaliam considerar “difícil” que a punição se repita tanto pela passagem por Londres como Nova York, onde Bolsonaro vai fazer o discurso de abertura da assembleia-geral da ONU.

Segundo eles, os dois eventos não são organizados pelo presidente, como nas celebrações do Bicentenário da Independência, e seus apoiadores não foram ao local por uma convocação do candidato em seu programa eleitoral. “São situações diferentes”, disse um ministro. “Difícil que a punição se repita”, disse outro ao blog. Por Valdo Cruz/G1