Crédito para a foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes usaram nesta última terça-feira (21) os termos “desinteligência natural” e “burrice”, respectivamente, ao comentar a conduta da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti na falsificação de um suposto mandado de prisão de Moraes contra si próprio.

Nesta terça, a Primeira Turma do STF tornou Zambelli e Delgatti réus, por unanimidade, pela invasão de sistemas do Judiciário. Em um trecho da acusação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) indica que a dupla inseriu, no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um mandado de prisão falso assinado por Moraes contra ele mesmo.

Cármen Lúcia começou seu comentário falando do uso da inteligência artificial, e dos riscos da tecnologia. “Nos preocupa os usos desses mecanismos, dessas possibilidades de novos crimes que são praticados em detrimento das pessoas”, afirmou a ministra. Cármen Lúcia ressaltou, no entanto, que preocupa mais uma “desinteligência natural”. Disse que a inclusão do mandado falso é um “salto triplo carpado criminoso impressionante”.

“Quando Vossa Excelência descreve que havia entre as notas com as providências a possibilidade de Vossa Excelência ter inclusive determinado a própria prisão, eu começo a não me preocupar mais só com a inteligência artificial, mas com a desinteligência natural de alguns que atuam criminosamente, além de tudo sem qualquer tracinho de inteligência. Porque aí Vossa Excelência se autoprender por uma falsificação num órgão que é presidido por um colega de Vossa Excelência é um salto triplo carpado criminoso impressionante. Só para acentuar a minha preocupação com a desinteligência natural ao lado da inteligência artificial”, argumentou.

O ministro Alexandre de Moraes, ao responder à ministra, chamou o episódio de “burrice”. “Vossa Excelência, sempre muito educada, disse a desinteligência natural. Eu chamaria burrice mesmo, natural. E achando que isso não fosse ser descoberto”. O ministro explicou que, ao incluir o mandado no banco de dados do CNJ, ativa-se a atuação da Polícia Federal, portos e aeroportos. Com isso, os crimes atribuídos aos dois pela PGR se consumaram. G1