A mulher que morreu após o parto na maternidade Albert Sabin, em Salvador, contou para família, através de um áudio compartilhado em um aplicativo de mensagens, sobre as dores que ela sentia durante a gravidez e também sobre a indignação com o atendimento dado a ela na unidade médica. O bebê também morreu.

Josefina dos Santos, de 44 anos, e o filho morreram no domingo (24), na maternidade que fica no bairro de Cajazeiras, após uma cesárea. Antes de ser submetida ao procedimento, a mulher tentou o parto normal, conforme orientação médica. Era o nono filho dela. Os familiares disseram que durante a tentativa de parto normal, o útero da mulher rompeu e ela acabou tendo um sangramento forte.

O áudio gravado por ela foi disponibilizado pela família nesta quinta-feira (26) e revela que a mulher estava sentindo muitas dores desde o sétimo mês da gestação, mas era orientada a voltar para casa todas as vezes em que procurou a equipe médica.

“Eu não estou aguentado mais de tanta dor. Eu não estou aguentando nem nadar mais. Eu levanto e tenho que andar devagarzinho porque o menino incomoda se tá sentado. Tudo isso está me incomodando. E as dores que eu estou sentindo eu não estou aguentando mais. Desde os sete meses e meio eu tô indo para esse hospital e eles ficam me mandando para casa. Se eu já estou com nove meses agora, qual a desculpa deles para não fazer a cesariana, se já descobriu que o menino está sentado? Aí fica para lá e pra cá. Se Deus o livre e guarde uma hora dessa acontece qualquer coisa, eles vão querer se responsabilizar? Não. É muita dor, minha filha. Só Deus sabe o que eu tô passando, meu sentimento esse tempo todo”, relatou em áudio.

Para família de Josefina, as mortes dela e da criança foram resultado de negligência médica. Por isso, eles registraram o caso na 13ª Delegacia, que fica em Cajazeiras. Na manhã desta quinta, o marido da vítima e o outros parentes foram ouvidos na unidade policial. As investigações estão em andamento. Segundo Leila Paulo Cruz, uma das cunhadas de Josefina, o irmão dela não consegue mais entrar no quarto do casal. A criança seria o primeiro filho dele.

“Ele não consegue entrar no quarto. Na verdade, ele não está se alimentando direito, não está dormindo direito. É uma situação muito triste, muito triste mesmo. Estamos dando toda força ao meu irmão, mas está sendo difícil. Está sendo difícil para toda família, mas principalmente para ele. Era o primeiro filho dele. Se chamaria Micael. Ele estava muito feliz, muito alegre. Teve toda preparação, mas, infelizmente, aconteceu isso. Meu irmão perdeu a esposa e seu filho e se encontra na situação de tristeza profunda”, contou. G1