EC Vitória

A torcida do Vitória pode, enfim, respirar aliviada e comemorar o acesso do rubro-negro à Série B do Campeonato Brasileiro. A campanha passou longe de ser tranquila e constante, já que o time chegou a frequentar a zona de rebaixamento para a Série D na primeira fase e precisou fazer diversas mudanças internas, com trocas no comando técnico e na diretoria de futebol.

Mas o Leão se acertou, engrenou e, desde que entrou em boa fase, sustentou o bom futebol. O êxito é coletivo, com participação decisiva da torcida vermelha e preta, mas o trabalho de três peças do elenco foi fundamental e fez a diferença, em campo ou no banco de reservas: o goleiro Dalton, o atacante Rafinha e o técnico João Burse.

Os três personagens chegaram ao rubro-negro em momentos distintos da temporada e também ganharam destaque em fases diferentes da Série C, o que foi ainda mais positivo para o clube.

Rafinha

Artilheiro do Vitória na Série C com oito gols, o atacante chegou ao rubro-negro com poucos holofotes, principalmente porque na sua passagem pelo clube anterior, o São Bernardo-SP, ele não tinha balançado as redes nenhuma vez em dez jogos disputados.

Mas, em pouco tempo no Leão, Rafinha se firmou como uma peça decisiva no ataque e marcou quase 40% dos gols do Vitória na primeira fase da competição. É bem verdade que a última vez que ele fez um gol foi justamente na partida final da fase classificatória, contra o Brasil de Pelotas-RS, na vitória por 3×1, contudo mesmo assim se fez presente durante o quadrangular decisivo.

Depois de se recuperar da lesão que o tirou do jogo contra o ABC, em Natal, Rafinha voltou diante do Figueirense, no Barradão, e após driblar dois marcadores, deu uma linda assistência para o gol de Tréllez, que garantiu o placar de 1×0. Aliás, as atuações em jogadas individuais são um ponto forte do atacante no esquema do técnico João Burse.

Atuando pela ponta esquerda, Rafinha cumpriu um importante papel em ser uma das válvulas de escape do time. A dupla com Tréllez, que atuou mais fixo como centroavante, funcionou justamente porque o atacante conseguiu se infiltrar nos espaços deixados na defesa e que causados pelo colombiano, que sabe se movimentar e atrair a atenção dos zagueiros para si. Para um jogador que chegou com poucas expectativas ao clube, entregar dez participações em gols (foram duas assistências além dos oito gols) é mais do que suficiente para dizer que Rafinha foi uma das melhores contratações da temporada.

Dalton

É difícil cravar que Rafinha foi a melhor contratação que apareceu na Toca do Leão este ano porque ele não foi o único a chegar sem empolgação e terminar a temporada como um dos mais elogiados. O goleiro Dalton ganhou de vez a confiança do torcedor rubro-negro e, talvez, seja uma surpresa ainda maior no clube. Isso porque o veterano de 36 anos foi contratado em maio e teve que esperar dez jogos para, finalmente, estrear. Com uma pitada de acaso.

Uma lesão no ombro de Lucas Arcanjo tirou o então goleiro titular do restante da temporada e abriu as portas para Dalton, que desde que entrou em campo não decepcionou e foi fundamental na reta final, garantindo pontos preciosos para a equipe.

Contra o ABC, em Natal, já pelo quadrangular decisivo, foram diversas defesas difíceis que confirmaram o pontinho no empate de 0x0, melhorando ainda mais a já salvadora atuação que ele tivera na semana anterior, no jogo contra o mesmo adversário e mesmo placar, só que no Barradão.

Isso sem falar na partida diante do Mirassol, quando o Vitória foi até o interior de São Paulo para bater o líder da primeira fase por 2×1 e consolidar a chance de classificação – que acabou se confirmando na partida seguinte, perante o Brasil de Pelotas, mesmo sem a presença de Dalton, que estava machucado.

O goleiro terminou a temporada como um jogador importante dentro e fora de campo e sua renovação de contrato está na mira da diretoria para a montagem do elenco que vai disputar a Série B de 2023. O vínculo atual termina em outubro.

João Burse

A área técnica do banco de reservas também foi ocupada por um profissional que mudou a trajetória do Vitória na Série C. O retorno de João Burse se deu, em parte, pela proximidade que o treinador tinha com o clube, por conhecer a realidade e história da equipe e pelo bom trabalho nas divisões de base do rubro-negro. E a cartada em Burse foi certeira.

O treinador estreou na 12ª rodada, com o time em 16º lugar e com 11 pontos conquistados. Eram cinco pontos de distância para o G8 e apenas um para o Z4. Da estreia até a primeira derrota no comando do Vitória foram nove jogos, uma invencibilidade inimaginável antes da chegada dele. E a goleada sofrida diante do Figueirense por 5×1, já no quadrangular, foi o único revés do técnico.

Em todas as outras partidas, o Vitória se mostrou uma equipe equilibrada e capaz de disputar o acesso, mesmo com algumas apresentações abaixo do esperado. O treinador conseguiu levar de volta ao Barradão o clima de caldeirão, dando esperança ao torcedor rubro-negro e fazendo ele jogar junto com o time e encher o estádio a cada rodada. Com João Burse no comando, o Leão ganhou cinco dos sete jogos disputados em casa – mais dois empates -, além de conseguir recuperar jogadores que, até então, tinham um nível de atuação pior.

É o caso de Tréllez, que antes da chegada de Burse era considerado reserva, tinha entrado em campo em dez oportunidades e não havia balançado a rede nenhuma vez. Após o começo do trabalho do treinador, o colombiano alcançou a vice-artilharia do Vitória na Série C e terminou a competição com seis gols. Correio da Bahia