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A Polícia Civil do Espírito Santo investiga como um anestésico de uso restrito a hospitais está chegando às mãos de traficantes. Foram três apreensões do fentantil no Espírito Santo este ano. Na primeira, em fevereiro, a polícia encontrou 31 frascos em meio a outras drogas nessa casa abandonada na periferia de Cariacica, na Grande Vitória.

Em agosto, os policiais apreenderam 41 ampolas em Vitória, numa região onde o tráfico de drogas é intenso. Os investigadores afirmam que traficantes estão usando o anestésico para potencializar o efeito de outras drogas e aumentar a dependência.

“Ali era um laboratório de drogas e o que nos chama atenção é que o fentanil certamente ou já estaria sendo administrado em determinado tipo de drogas ou estaria pra ser”, disse Darcy Arruda, chefe da Polícia Civil-ES. A última apreensão aconteceui na BR-101, no sul do Espírito Santo, há um mês. O fentanil é um anestésico 100 vezes mais potente que a morfina. Em altas doses pode causar alucinações e afetar o pulmão.

“Ele faz com que a musculatura do tórax não consiga se mover. E uma das grandes responsáveis, além do diafragma, para que o seu pulmão se encha de ar são as musculaturas intercostais. Então, ela se trava e você não consegue expandir a caixa toráxica, você não consegue respirar”, disse Wellington Pioto, presidente da Associação Brasileira de Anestesiologia do Espírito Santo.

Uma regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária determina que o anestésico só pode ser administrado em hospitais com acompanhamento médico. A polícia do Espírito Santo afirma que essas são as primeiras apreensões de fentanil associadas ao tráfico de drogas no país. A principal suspeita é que o anestésico está sendo desviado ou roubado dentro de hospitais. A polícia já identificou que alguns frascos apreendidos foram fabricados em um laboratório em Minas Gerais e distribuídos por uma empresa de São Paulo.

“Aí vem também um trabalho de inteligência pra saber quem são aquelas pessoas, quem são aqueles traficantes, qual o relacionamento, qual a sua rede, que possa chegar em alguém que tenha uma influência dentro de hospitais ou que trabalha dentro de um hospital”, disse Arruda. A investigação tem o apoio de profissionais da associação antidrogas norte-americana que atuam no brasil. O site oficial da associação afirma que o fentanil é a ameaça mais mortal que os Estados Unidos já enfrentaram. G1