EC Vitória

O Vitória recebeu mais uma punição da Fifa. O clube está proibido de registrar atletas desde julho em função de uma dívida de 350 mil dólares, cerca de R$ 1,8 milhão, com o Boca Juniors, da Argentina, e agora terá que desembolsar um montante financeiro ainda maior se quiser que novos jogadores voltem a vestir a camisa rubro-negra. A notificação atual é referente a uma dívida com o Universidad Católica de Quito, do Equador, pela contratação do atacante Jordy Caicedo, no valor de 580 mil dólares, aproximadamente R$ 3 milhões na cotação atual.

A nova notificação já era aguardada pelo Leão. “É uma punição que a gente sabe que vai chegar. Já está definida”, avisou o presidente Fábio Mota, em entrevista concedida em julho. Em setembro, durante campanha para permanecer no cargo, o dirigente também falou sobre o assunto ao CORREIO.

“O Vitória tem uma punição já definida, do Boca Juniors, pela Fifa, tem uma outra em tramitação, que é uma do Universidad Católica do Equador, pela transação de Jordy Caicedo. Nós não temos até dezembro nova competição, então não temos necessidade de fazer inscrição. A necessidade de fazer inscrição é a partir da próxima janela, que é em janeiro”, pontuou o gestor. Na ocasião, ele sinalizou uma solução para parte do problema.

“Nós estamos nos planejando e nos preparando para pagar a punição do Boca Juniors em janeiro e poder voltar a inscrever jogadores. Esses recursos do nosso planejamento vêm do token, vem do Bitci, que é a plataforma de lançamento do token, esse recebimento é parcelado e a ideia é com esse recurso pagar o Boca Juniors. No nosso planejamento, nós vamos fazer um fluxo de caixa para em janeiro quitar. Já propomos o parcelamento ao Boca Juniors de 30% e o resto em 10 vezes. Estamos aguardando a resposta. Na hora que a gente pagar a primeira parcela, volta a poder inscrever atletas”, explicou Fábio Mota.

O Vitória negociou Jordy Caicedo junto ao Universidad Católica de Quito, do Equador, em 2019, durante a gestão do ex-presidente Paulo Carneiro. Segundo apurou o CORREIO à época, o atacante teve 70% dos direitos econômicos comprados pelo Leão e assinou contrato de três temporadas, com opção de renovação por mais um. O valor do negócio não foi divulgado pelos clubes, tampouco pelos empresários.

No entanto, o Vitória não conseguiu quitar a dívida com a agremiação equatoriana. Em agosto do ano passado, o Vitória foi condenado a pagar cerca de R$ 4 milhões ao jogador.

Jordy Caicedo defendeu o Vitória entre 2019 e 2021. Com o manto rubro-negro, ele disputou 45 jogos e marcou nove gols. A última vez que ele vestiu a camisa vermelha e preta foi no dia 9 de janeiro da temporada passada, quando entrou no decorrer da derrota por 4×0 para o América-MG, na 33ª rodada da Série B do Brasileiro.

Em janeiro de 2021, ele pediu formalmente para deixar o clube, não voltou a treinar na Toca e acionou a Fifa, alegando salários atrasados. Depois, em fevereiro, Jordy Caicedo foi liberado pela entidade para jogar pelo CSKA Sofia, da Bulgária e teve a rescisão contratual com o Vitória publicada no Boletim Informativo Diário (BID) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

De novo…

É a terceira vez este ano que o Vitória é notificado de uma punição aplicada pela Fifa. A primeira ocorreu em janeiro, referente a uma dívida de R$ 1 milhão com o jogador argentino Walter Bou, contratado em julho de 2018, na gestão do ex-presidente Ricardo David. O clube conseguiu quitar o pagamento ao jogador em março e foi liberado para registrar atletas outra vez.

Porém, em julho, o Leão foi novamente punido pelo órgão máximo do futebol por não pagar o Boca Juniors, clube que emprestou o atacante. Como já citado anteriormente, o valor nominal é de 350 mil dólares, cerca de R$ 1,8 milhão. O “transfer ban” (proibição de transferência) proíbe o registro de atletas no clube.

A punição não afeta a renovação de contratos, portanto, jogadores como Dalton e Rafinha, que já estavam no clube e tiveram os vínculos estendidos, poderão defender o Vitória na próxima temporada. O clube pode até contratar novos atletas, mas só poderá registrá-los e colocá-los para jogar após sanar as dívidas com o Boca Juniors e com o Universidad Católica de Quito.

“Essa punição é só para novos atletas. Os contratos atuais de todos podem ser prorrogados. Se eu quiser prorrogar Rafinha, Dalton, eu posso. O que não pode é deixar terminar o contrato, tem que fazer a prorrogação antes do término. O contrato da maioria dos jogadores termina em outubro, então, quem a gente for renovar, tem que fazer antes do término”, explicou o presidente do Vitória, Fábio Mora, em setembro, ao CORREIO. O clube ainda tenta as renovações de contrato do volante Léo Gomes e do centroavante Santiago Tréllez.

Através da assessoria de comunicação, o Vitória informou nesta segunda-feira (10) que está trabalhando para resolver as pendências financeiras com o Boca Juniors e o Universidad Católica de Quito. A pré-temporada na Toca do Leão será iniciada em 28 de novembro. A estreia do rubro-negro em 2023 é no dia 5 de janeiro, na pré-Copa do Nordeste. Correio da Bahia