A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu nesta terça-feira (27) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ouvir o doleiro Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, sobre supostas entregas de dinheiro vivo a pedido do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Preso pela Lava Jato do Rio de Janeiro, Juca Bala fechou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, informou a chefe do Ministério Público Federal.

 

Raquel Dodge quer que o doleiro seja ouvido antes da realização de diligências em endereços onde, supostamente, teriam ocorrido entregas de dinheiro para o senador tucano. Segundo a procuradora-geral, “Vinícius Claret poderá indicar quem foram as pessoas responsáveis pelas entregas, o que facilitaria o reconhecimento por parte de eventuais testemunhas”.

 

“Importante registrar que Vinícius Claret firmou acordo de colaboração premiada com o MPF. Portanto, necessária sua oitiva para esclarecer detalhes sobre o presente caso, além de fornecer eventuais registro de pagamentos, nome de pessoas utilizadas na entrega dos valores, entre outras informações que possam comprovar as entregas realizadas nos endereços que contam nos autos”, escreveu a procuradora-geral em trecho da petição.

 

Atualmente, o senador tucano é réu em ação penal aberta a partir das delações da J&F e é investigado em quatro inquéritos da Lava Jato e seus desdobramentos. A chefe do Ministério Público também pediu ao relator do inquérito, ministro Ricardo Lewandowski, mais 60 dias de prazo para a Polícia Federal juntar relatórios e perícias, além do depoimento e diligências em endereços. Lewandowski vai decidir se autoriza ou não a prorrogação da investigação.

 

O inquérito apura se houve pagamentos indevidos por parte de executivos e ex-dirigentes da construtora Odebrecht a pedido de Aécio para três campanhas eleitorais em 2014: Dimas Fabiano Toledo, que disputou uma vaga na Câmara; Antonio Anastasia, que se elegeu senador; e de João Pimenta da Veiga Filho, que concorreu ao governo de Minas Gerais. Segundo delatores da Odebrecht, o acordo teria rendido R$ 6 milhões aos candidatos tucanos.

 

Colaboradores da Lava Jato apontaram locais de entregas em dois endereços em Belo Horizonte e em uma concessionária de máquinas da rodovia BR-381. Conforme a PGR, foram narradas aproximadamente 15 entregas de propina. A Procuradoria-Geral da República destacou ainda no pedido que, em duas ocasiões, a Polícia Federal foi cobrada para realizar diligências nos locais de entrega, mas a coleta de provas ainda não foi cumprida.  G1