Foto: Matheus Landim/GOVBA

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) resolveu com agilidade o imbróglio na Assembleia Legislativa que poderia ter custado a aprovação da autorização para tomar um novo empréstimo de R$ 2 bi e o aumento dos servidores estaduais, um tema sempre espinhoso para qualquer gestor. Duas semanas depois da paralisação ‘branca’ comandada por partidos da base insatisfeitos com um rol de demandas que dizem não receber a atenção devida do governo, ele colocou sua articulação política em campo para conversar com os parlamentares e aliviar o clima no Legislativo, viabilizando as votações.

A despeito de ter demonstrado que não gostou da atitude de setores da base, que chegou a considerar, em conversa com um aliado, um desrespeito a uma gestão que, conforme avalia, sempre buscou se relacionar de forma respeitosa com os deputados, o governador não negou instrumentos aos operadores políticos do governo para que dissuadissem os insatisfeitos de puxar a corda contra o governo. Não foram saídas concretas para os problemas que a gestão enfrenta, decorrentes da baixa atividade econômica e mesmo do processo de endividamento anual, os quais impactam na sua relação com o Legislativo, mas plantou-se a esperança de que dias melhores virão.

É claro que as conversas não foram fáceis. O ânimo da base já não era bom desde o governo passado, período de onde vêm boa parte dos deputados governistas acostumados, segundo relatam, a serem tratados a pão e água pelo ex-governador Rui Costa (PT). Por causa do espírito mais aberto e colaborativo de Jerônimo, os aliados se encheram da expectativa de que poderiam construir um relacionamento com o governo sob outros parâmetros, em que suas exigências fossem encaradas com um melhor nível de atenção da parte da Casa Civil e da secretaria de Relações Institucionais.

Ocorre que têm percebido, no entanto, que a mudança de titularidade no governo e, essencialmente, de estilo do gestor não alterou o padrão de comportamento do Executivo. Pelo contrário, segundo é possível captar das conversas entre os parlamentares, há o convencimento de que houve até relativa piora com relação a algumas questões, a exemplo do pagamento das emendas parlamentares e da apresentação de um cronograma de intervenções nos municípios que possa ser compartilhado com seus representantes estaduais, para os quais eles não têm visto esforço da parte da administração para resolver.

Para as dificuldades, naturalmente há justificativas e promessas de soluções. E elas foram transmitidas com habilidade pelo líder do governo na Assembleia, Rosemberg Pinto (PT), que ganhou tempo para tentar encaminhá-las de forma a que o governo promova as correções com mais determinação, conseguindo desanuviar o ambiente tenso em que a Assembleia havia mergulhado nas últimas semanas. Para tanto, ganhou o apoio do presidente da Casa, Adolfo Menezes (PSD), cujo partido havia se envolvido na onda de contestação governista, e de outros parlamentares dispostos a renovar as apostas para que a relação, de fato, melhore entre governo e base.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.